Fernando Santos convocou 23 jogadores para os jogos com a Polónia, a contar para a Liga das Nações, a 11 de outubro, e com a Escócia, um particular, três dias depois. Entre a já anunciada ausência de Cristiano Ronaldo, sublinha-se a falta dos habituais João Mário, João Moutinho, Ricardo Quaresma e Gelson Martins. Por outro lado, regressa Éder, o herói da final do Euro 2016, e destacam-se os nomes de Hélder Costa e Kévin Rodrigues, duas novidades na convocatória de Fernando Santos. E se o segundo já realizou a primeira internacionalização em novembro de 2017, quando jogou os 90 minutos de um particular com a Arábia Saudita, esta é mesmo a estreia absoluta de Hélder Costa nos trabalhos da Seleção Nacional.

O avançado de 24 anos que é atualmente uma peça importante no xadrez de Nuno Espírito Santo no Wolverhampton é um produto da formação do Benfica que foi sempre subaproveitado. Nascido em Luanda, veio para Portugal muito novo e ingressou nas escolinhas dos encarnados com apenas dez anos. Oito anos depois, estreou-se na equipa B num jogo da 2.ª Liga frente ao Sp. Braga B, onde foi titular e jogou 72 minutos. O primeiro golo apareceu pouco mais de um ano depois, em agosto de 2013, numa vitória por 3-0 frente ao Portimonense. Nessa temporada, Hélder Costa marcou oito golos e começou a perceber que, além de virtuoso rápido com bons pés, podia tornar-se um goleador.

Em janeiro de 2014, foi chamado por Jorge Jesus para uma eliminatória da Taça da Liga com o Gil Vicente e jogou os últimos 13 minutos do jogo, substituindo Sulejmani. Mas foi sol de pouca dura: regressou à equipa B, continuou a marcar golos mas não voltou a ser chamado à alta roda do futebol português. Um ano depois, ficou decidido que o Benfica não contava com ele e o extremo acabou por ser emprestado por seis meses aos espanhóis do Deportivo. Nunca foi titular e saltou do banco apenas em seis ocasiões.

Com Bernardo Silva no Mónaco

No final da temporada, voltou à Luz mas por pouco tempo. Leonardo Jardim, a começar a segunda temporada no Mónaco, mostrou interesse por Hélder Costa e garantiu o extremo por uma temporada. A história no principado – onde foi colega de equipa dos portugueses Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, João Moutinho e Fábio Coentrão – foi bem mais feliz do que na Corunha: em 2015/16, o jogador português fez 28 jogos pelo Mónaco e marcou cinco golos. Em junho, a rotina do costume. O regresso à Segunda Circular e outro empréstimo. Mas este iria ter final feliz.

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O agente de Hélder Costa é Jorge Mendes. E o empresário estava em julho de 2016 a investir no Wolverhampton Wanderers, o clube do Championship (a segunda liga inglesa). O Wolves parecia o sítio certo para o avançado português: a expectativa era chegar à Premier League numa janela de tempo de dois a três anos, crescer no plantel, no banco técnico e no investimento e estar algures no topo do futebol europeu dentro de um prazo de cinco a dez anos. E Jorge Mendes não se enganou.

Hélder Costa foi para o clube das Midlands e esteve em 40 jogos na primeira temporada em Inglaterra, marcando 12 golos. A amostra foi tão boa quem em janeiro de 2017 o Wolves decidiu acionar a opção de compra do avançado português e bateu o recorde de transferências do clube, pagando 13 milhões de libras ao Benfica pelo jogador de 24 anos (um valor ultrapassado por outro português, Rúben Neves, que custou 15,8 milhões de euros quando saiu do FC Porto em 2017). Hélder Costa assinou por quatro anos e meio e a primeira temporada enquanto jogador do Wolves e não enquanto jogador emprestado trouxe 39 jogos, cinco golos e o feito esperado: a subida à Premier League.

Esta temporada, a Hélder Costa, Nuno Espírito Santo, Rúben Neves, Ivan Cavaleiro, Diogo Jota e Rúben Vinagre juntaram-se Rui Patrício e João Moutinho (e o central Roderick está emprestado ao Olympiacos). O avançado português formado no Benfica já marcou um golo nos oito jogos onde esteve presente esta época – que promete, já que o Wolves está na primeira metade da tabela e tem obtido resultados positivos com equipas teoricamente superiores, como o Manchester City e o Manchester United.

Num ano que pode catapultar Hélder Costa para os olhos dos outros clubes da Premier League e do mundo, o avançado é convocado pela primeira vez para representar a Seleção Nacional. 2018 está a ser bom para o “eterno emprestado”.