Os deputados do PSD foram bastante críticos da atuação do Governo no caso de Tancos e, em particular, do papel do ministro da Defesa, Azeredo Lopes. Na reunião da bancada do PSD — realizada esta quinta-feira e, como habitual, à porta fechada — o antigo ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco defendeu que espera que o Presidente da República, enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, intervenha no caso de Tancos. Aguiar-Branco defendeu mesmo que “o líder do PSD, Rui Rio, deve pedir uma audiência ao Presidente da República para lhe transmitir a posição do partido”. O objetivo é pressionar Marcelo a intervir no caso. Vários deputados relataram as afirmações do antigo ministro de Passos Coelho na reunião, que Aguiar-Branco confirmou horas depois ao Observador.
Marcelo Rebelo de Sousa tem insistido que não há mais nada a comentar sobre o assunto e que é “parco em palavras” em matéria de Forças Armadas. Nas últimas declarações sobre o assunto, na quarta-feira, Marcelo limitou-se a dizer que “às tantas fala-se da devolução, imenso, mas para haver devolução é porque elas primeiro foram furtadas. Quanto às duas situações, deve ser apurado integralmente, doa a quem doer“. Uma declaração que reproduziu quase na íntegra esta quinta-feira.
Na mesma reunião da bancada do PSD, o presidente da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional, Marco António Costa, também foi bastante crítico do atual ministro da Defesa comparando o “estado moribundo” de Azeredo Lopes com o da ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, após os incêndios de Pedrógão Grande.
O líder do PSD, na entrevista que deu na última quinta-feira, defendeu que a ser verdade que Azeredo Lopes sabia do encobrimento, o ministro devia ser despedido. Mas Rui Rio fê-lo com a ressalva de que não estava diretamente a pedir a demissão do ministro: “Quem sabe se o ministro deve continuar ou não é, naturalmente, o primeiro-ministro”. Rio disse ainda que lhe “custa acreditar que o Comandante do Estado Maior do Exército não tenha conhecimento de nada. Se não tiver, é grave na mesma. Se os dois [o major e o CEME] sabiam, disseram ao chefe de gabinete do ministro e ele não contou ao ministro, é igualmente grave porque o chefe de gabinete é escolha pessoal do ministro, da sua responsabilidade.”
Antes disso, Rui Rio já tinha alertado para a estranheza da investigação a Tancos a 9 de setembro, no encerramento da Universidade de Verão do PSD.
Rio chegou à guerra a tempo para disparar contra a comunicação social e o Ministério Público