O Ministro da Defesa de Israel anunciou esta quarta-feira a sua demissão do cargo. Numa conferência de imprensa de última hora, Avigdor Lieberman disse estar em desacordo com a estratégia que Benjamin Netanyahu quer adotar em relação aos ataques perpetrados pelo Hamas nos últimos dias. O governante é também líder do partido Yisrael Beiteinu, que faz parte da coligação de Governo, e é provável que a demissão precipite o fim do acordo de governação e a marcação de eleições antecipadas.

Na base da decisão está um desentendimento de longa data com o primeiro-ministro. Ambos têm pontos de vista distintos sobre a estratégia que o país deve seguir em relação aos conflitos de Gaza e tem prevalecido sempre a vontade do Chefe de Estado. Segundo disse Lieberman, a gota de água terá sido o acordo de cessar-fogo alcançado esta terça-feira com as milícias palestinianas. O ministro opôs-se a esse entendimento mas Netanyahu avançou com o acordo.

O que aconteceu ontem com o cessar-fogo e todo o processo de chegar a um acordo com o Hamas significa render-se ao terror, não há outra explicação. O que fizemos, no fundo, foi comprar um silêncio a curto prazo, mas vamos acabar por pagar um preço alto a longo prazo”, disse Liberman.

Na terça-feira, as milícias palestinianas de Gaza anunciaram o cessar-fogo. Ainda não houve confirmação oficial por parte de Israel, mas esta demissão é mais um sinal de que o acordo não foi bem aceite por Telavive. O organismo palestiniano que aceitou o entendimento agrupa as principais milícias: Brigadas Al Qasam, o braço armado do Hamas que governa a Faixa de Gaza; os Batalhões Al Quds, da Jihad Islâmica; as Brigadas Abu Ali Mustafa, da Frente Popular de Libertação da Palestina; as Brigadas de Resistência Nacional, da Frente Democrática para a Libertação da Palestina; e a Al Naser Salahedein, os Comités de Resistência Popular.

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Milícias palestinianas anunciam acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza

Na segunda-feira foram registados mais de 160 bombardeamentos na Faixa de Gaza e a tensão entre as duas partes escalou para níveis que não eram vistos desde 2014, com um balanço final de 16 mortos, onde se incluem 14 combatentes palestinianos, um militar israelita e um civil palestiniano em Israel.

Lieberman pretendia responder com mão pesada mas não conseguiu fazer vingar a sua visão. Reconheceu que os desentendimentos com o primeiro-ministro já duram há longos meses e que sentia que não tinha poder de decisão dentro do seu ministério.

Nas suas declarações, criticou ainda Netanyahu por ceder a decisões fáceis e populistas. “Um líder deve estar atento ao seu povo, e nós temos pessoas inteligentes no nosso país, mas em tempos de emergência e quando tomamos decisões cruciais no campo da segurança, o público nem sempre pode ser um aliado “, disse. “Nesses momentos, a liderança não passa por tomar a decisão mais fácil: liderança é fazer a coisa certa, mesmo que seja difícil.

Espera-se agora a reação de Benjamin Neatnyahu, que pode anunciar, segundo os media israelitas, a convocação de eleições legislativas antecipadas.