Os acionistas da Cimpor aprovaram esta terça-feira em assembleia-geral um aumento de capital de 672 milhões de euros, confirmou à agência Lusa fonte oficial da empresa sem avançar mais detalhes. A reunião extraordinária foi convocada para deliberar sobre um aumento de capital de 672 milhões de euros, para até 1,55 mil milhões de euros.
Assim, os detentores de ações da Cimpor deliberaram “sobre o aumento do capital social da sociedade, de 672.000.000,00 euros para até 1.559.130.628 euros, mediante a emissão de até 2.609.207.729 novas ações ordinárias, nominativas e escriturais, sem valor nominal, incluindo duas tranches”, adiantou a convocatória da AG.
A tranche A, no valor de 700 milhões de euros, que corresponde a 2.058.823.529 novas ações, será subscrita e realizada exclusivamente pela acionista InterCement, a holding para os negócios do cimento do grupo brasileiro Camargo Corrêa.
Esta sociedade é “titular de 525.588.585 ações correspondentes a 78,21% do capital social da Cimpor, sendo a entrada em espécie constituída pelo crédito acionista detido pela InterCement Austria Holding GmbH no montante de 700.000.000 euros referente às contribuições de capital sujeitas ao regime de reembolso das prestações suplementares efetuadas pela referida acionista em dezembro de 2017”, detalha a convocatória.
A tranche B inclui entradas em dinheiro, no máximo de 187.130.628 euros “correspondente a 550.384.200 novas ações a subscrever e realizar pelos demais acionistas (excluindo, portanto, a acionista InterCement Austria Holding GmbH) cujas participações, no seu conjunto, representam um total de 140.505.317 ações correspondentes a 20,91% do capital social da Cimpor”.
Esta operação será feita de forma a que os acionistas “possam manter a sua posição relativa na sociedade (dirimindo, desse modo, o efeito de diluição da sua participação no capital social da Sociedade resultante da subscrição da tranche A correspondente a entrada em espécie com subscrição reservada à acionista InterCement Austria Holding GmbH)”, de acordo com o mesmo documento. Existem ainda 5.906.098 de ações próprias detidas pela sociedade cujos direitos sociais se encontram suspensos nos termos da lei, esclareceu a convocatória.
Para o dia 12 de dezembro foi convocada outra assembleia-geral extraordinária, com dois pontos: a alteração integral dos estatutos da sociedade e a eleição de órgãos sociais. Recorde-se que em outubro passado, a Cimpor assinou um contrato com o OYAK (Ordu Yardimlasma Kurumu) para a venda de todos os ativos que compõem a Unidade de Negócio de Portugal e Cabo Verde da cimenteira. Com este negócio, o grupo alienará as três fábricas e as duas moagens de cimento, as 20 pedreiras e as 46 centrais de betão localizadas em Portugal e em Cabo Verde, referiu, sem adiantar o valor da operação.
Segundo o mesmo comunicado enviado em outubro “as atuais estruturas diretivas das áreas produtivas e dos serviços centrais da Cimpor em Portugal e Cabo Verde manter-se-ão em funções”. Em causa estão cerca de 800 trabalhadores nos dois mercados que a InterCement, holding para os negócios do cimento do grupo brasileiro Camargo Corrêa, decidiu alienar. A empresa continua instalada em Portugal, e com negócios em África (Moçambique, Egito e África do Sul) e América Latina (Paraguai, Argentina e Brasil).
Em 2017, a Cimpor registou um prejuízo 490,3 milhões de euros, o que representou uma redução face às perdas de 787,6 milhões de euros verificadas no ano anterior. De acordo com o relatório de gestão de 2017, divulgado na página da companhia na internet, “o resultado líquido apresentou uma recuperação de 44% em relação ao valor de 2016, somando um prejuízo de 439 milhões de euros e um prejuízo líquido atribuível a acionistas de 490 milhões de euros”.