O secretário-geral do partido Ação Democrática Independente (ADI), Levy Nazaré, abandonou este sábado o cargo, acatando as decisões do grupo de membros da Comissão Política que o tinha suspendido das funções, uma decisão que considerou anti-estatutária e ilegal.

“Eu entreguei as chaves, afastei-me de tudo, hoje sou apenas um militante”, disse Levy Nazaré, em conversa telefónica com a Lusa, embora recusando explicar porque mudou de ideias e decidiu acatar a decisão.

Na passada quarta-feira, um grupo de membros da comissão Política do ADI suspendeu o secretário-geral das suas funções até à realização do congresso, ainda sem data marcada. “A maioria dos membros estatutários da Comissão Política presentes deliberou e com efeitos imediatos suspender das funções de secretário-geral do ADI, o Sr. Levy do Espírito Santo Nazaré, até a realização do congresso”, diz o comunicado distribuído a jornalistas.

Em declarações a jornalistas, Levy Nazaré disse não acatar a decisão tendo em conta o seu caráter anti-estatutário. “Estatutariamente, esse grupo não tem competência para tomar essa decisão. O secretário-geral foi eleito em Conselho Nacional, não é uma competência da Comissão Política destituir o secretário-geral”, defendeu Levy Nazaré em declarações a jornalistas, sublinhando que vai manter-se no cargo.

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No comunicado da Comissão Política, assinado pelo ex-presidente do parlamento José da Graça Diogo, Levy Nazaré foi acusado de “conduta desleal, desonrosa e várias tentativas de fracionar o partido”, atos violadores dos estatutos do partido. O ADI anunciou que o Conselho Nacional, inicialmente marcado para domingo e que tinha como objetivo fundamental fixar a data do congresso, já não se realiza.

“O partido Ação Democrática Independente vem por este meio comunicar a todos os dirigentes, militantes, amigos e simpatizantes que fica adiado o Conselho Nacional inicialmente agendado para este domingo, 16 de dezembro”, diz o comunicado.

O ADI aproveita para informar que a nova data será posteriormente anunciada e deseja votos de feliz Natal e ano novo próspero”, acrescenta o documento assinado por José da Graça Diogo, ex-presidente do parlamento. Uma fonte deste partido referiu que do mesmo modo que o conselho nacional foi suspenso, o congresso, cuja data deveria ser conhecida também este domingo “fica adiado para data a anunciar oportunamente”.

Com o afastamento de Levy Nazaré das funções de secretário-geral do ADI foi criada uma comissão de gestão partidária, liderada por José da Graça Diogo, que assume os destinos da Ação Democrática Independente até a realização do congresso. Fonte partidária admitiu à Lusa que, com o abandono de funções por Levy Nazaré, “a liderança do ADI deixa de existir”.

“Tem um presidente formalmente autossuspenso, embora não demitido, um vice-presidente impedido de exercer funções por incompatibilidade com o cargo de Presidente da República e um secretário-geral que abandou as funções, entregou as chaves declarando que vai ser apenas militante”, referiu a fonte.

Na quarta-feira, Levy Nazaré acusou Patrice Trovoada de “continuar a manobrar e infelizmente a influenciar algumas pessoas para tomarem esse tipo de atitudes”, sublinhando que é “um alvo a abater devido algumas posições que eu venho tomando em nome de um ADI mais sólido, mais coeso, mais democrático, um ADI onde os seus dirigentes e militantes possam ter direito de se expressar, de se exprimir, discutir ideias e opiniões”. Acusou igualmente vários colegas seus de estarem “feitos” com Patrice Trovada, considerando haver um “plano orquestrado” para sua eliminação. “Não sei se essa eliminação é só política ou se ela vai mais além, acredito que a minha vida pode estar em perigo, pode estar em risco e acredito que pode ser mesmo eliminação física”, afirmou.