O movimento cívico Sokols 2017 organiza este domingo uma manifestação na ilha cabo-verdiana de São Vicente para exigir que a companhia aérea nacional (TACV – Cabo Verde Airlines) volte a assegurar as ligações diretas entre aquela ilha e o estrangeiro.

Denominada de “Marcha de Indignação de Soncent”, o protesto pretende exigir “de forma enérgica, mas pacífica” a reposição dos voos de São Vicente para Lisboa e para outros países.

A manifestação foi marcada para hoje, no Aeroporto Internacional Cesária Évora, um dia antes do sétimo aniversário da morte da cantora cabo-verdiana que dá nome ao aeroporto.

A concentração dos manifestantes será na Praça Estrela, pelas 10:00, seguindo-se depois o transporte para o aeroporto, onde o movimento espera juntar mais de 500 pessoas.

O movimento cívico Sokols 2017 considera que a falta de voos diretos da Cabo Verde Airlines está a prejudicar a economia da ilha de São Vicente e de toda a região norte do país, que assim não está a conseguir aproveitar de todo o seu potencial.

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A TACV terminou as suas ligações diretas para São Vicente em setembro do ano passado, no âmbito da reestruturação que a companhia está a sofrer para ser privatizada, sendo que uma das medidas é a implementação da base de operações na ilha do Sal para os voos internacionais.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reafirmou que a TACV será privatizada e que as linhas aéreas serão definidas de acordo com “interesses de viabilidade comercial”. Acrescentou que o Governo tem interesse que o país tenha uma “boa interligação aérea”, mas sublinhou que o regresso dos voos para São Vicente “não é uma decisão administrativo-política do Governo”.

“Temos que garantir que aquilo que são as soluções das rotas aéreas tenham sustentabilidade e capacidade financeira de sustentar e comerciar. Creio que a companhia aérea estará interessada desde que haja o fluxo os investimentos que são feitos para que os voos se realizem”, disse o chefe do Governo, no dia em que a Sokols anunciou a manifestação.

Em conferência de imprensa, o presidente do Sokols 2017, Salvador Mascarenhas, pediu uma “resposta célere” do primeiro-ministro à manifestação, alertando que se isso não acontecer poderá “pôr em causa a legitimidade da autoridade do Governo” e com “imprevisíveis e nefastas consequências”.

Entretanto, a TACV divulgou, em comunicado, que está disponível para avaliar as condições para a viabilização de voos para São Vicente e Praia, sublinhando que manterá sempre o foco no modelo de negócios assente no ‘hub’ aéreo no Sal.

O presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, também pediu a reposição dos quatro voos semanais da Cabo Verde Airlines para a ilha, lembrando que a empresa ainda é do Estado e que por isso deve garantir o serviço público.

Com a retirada da Cabo Verde Airlines, a transportadora aérea portuguesa TAP é a única companhia que faz voos internacionais regulares a partir de São Vicente para a Europa e os preços das passagens têm sido alvo de críticas por parte dos passageiros.

Esta é a terceira grande manifestação organizada pelo Sokols 2017 em São Vicente, depois da primeira em 05 de julho de 2017, dia da independência do país, e a segunda em 13 de janeiro deste ano, dia em que assinala os 27 anos das primeiras eleições multipartidárias em Cabo Verde.

Em setembro do ano passado, uma comitiva do primeiro-ministro foi parada por elementos do Sokols à chegada a São Vicente, que reclamavam o avanço do processo de regionalização prometido pelo Governo, do Movimento para a Democracia (MpD), que tomou posse em abril de 2016.

O Sokols 2017 inspira-se nos Sokols de Cabo Verde – ou Falcões de Cabo Verde -, uma organização juvenil criada em 1932, em São Vicente, por um funcionário da Western Telegraph Company, à semelhança do movimento checo surgido em 1862.