Os relatos de falta de condições em que crianças estão a ser tratadas no Hospital de São João mantém-se. Numa altura em que se espera que o arranque das obras da nova ala pediátrica esteja para breve, as mães continuam a apontar o dedo a situações que caracterizam como um pesadelo. Entre elas, avança o Jornal de Notícias, está o facto alguns contentores de lixo estarem a ser guardados em cima de berços.

“Foi um pesadelo”, conta Sara Rêgo que esteve nas instalações com o filho de 3 meses, depois de este ter tido um problema cardíaco. “O isolamento térmico não existe. Há fita-cola nas janelas para o frio não entrar. O meu marido chegou a cobrir o menino com o casaco. De noite é como se estivessemos na rua”, contou ao JN.

Hospital de São João no Porto recebe quarta-feira anteprojeto da ala pediátrica

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“É cruel e desumano mandar um bebé tão pequenino para aquele espaço”, conta a mulher de 39 anos, lembrando que quando o seu filho foi transportado entre os contentores onde funciona temporariamente a ala pediátrica e a unidade central do hospital, seguiu numa ambulância antiga e sem que o berço fosse preso. “Era a enfermeira que ia a segurá-lo”, disse.

Já Ana Silva conta que o filho de dois meses passou 17 dias na Pediatria do São João. “Na Neonatologia, o serviço foi fantástico. Quando chegámos à Pediatria vimos um mundo completamente oposto. Não temos espaço e há caixotes do lixo colocados em cima dos berços”, relata, queixando-se também da falta de materiais. Para alimentar o filho tem derecorrer ao uso de uma seringa e se na Neonatologia ela era imediatamente deitada fora, na Pediatria as ordens são para conservá-la durante 24 horas.

A administração do Centro Hospitalar de São João, no Porto, recebeu o anteprojeto da nova ala pediátrica esta semana, prevendo arrancar com as obras no fim do primeiro semestre de 2019, conforme anunciou em comunicado: “O Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário São João informa que a partir de março de 2019, e com a conclusão das obras em curso nos pisos 7 e 8 do edifício central, será possível a transferência de crianças da pediatria oncológica e da pediatria cirúrgica para espaços do edifício central do hospital.”

Acrescenta que “não existindo disponibilidade imediata de espaço para alojar todo o internamento da pediatria médica no edifício central do São João, as crianças deste serviço mantêm-se nas instalações provisórias, até ser encontrada uma solução alternativa adequada”.

Estas instalações serão, entretanto, alvo de obras de remodelação e expansão que permitam dar mais conforto às crianças e jovens internados e respetivos familiares, vincou a unidade hospitalar.