As últimas novidades oficiais sobre o estado de saúde de Michael Schumacher, o emblemático piloto de Fórmula 1 que conquistou sete títulos, remontam a 9 de setembro de 2014. Sabine Kehm, responsável pela gestão de carreira do desportista alemão, confirmava nesse dia que Schumacher tinha saído do hospital em Lausanne (Suíça) e ia continuar os tratamentos em casa, depois de ter batido com a cabeça numa rocha enquanto fazia ski. Este acidente deixou o piloto às portas da morte. Tinha feito “progressos nos últimos meses”, mas havia “um longo e difícil caminho pela frente”. Depois disso, mais nada. Faz este sábado cinco anos que aconteceu o acidente que quase matou Schumacher, mas mais nenhuma novidade foi oficialmente dada sobre o estado de saúde do ídolo de Formula 1, que celebra 50 anos, a 3 de janeiro.
Michael Schumacher decidiu sair das pistas em outubro de 2012: “Houve vezes, nos últimos meses, em que não quis lidar com a Fórmula 1 nem preparar-me para o Grande Prémio”, admitiu. Depois do Grande Prémio do Brasil de 2012 — a corrida com chuva que conta com o maior número de ultrapassagens em toda a história daquele desporto –, Schumacher arrumou as luvas. Só voltou a ser notícia a 29 de dezembro de 2013, quando ficou às portas da morte enquanto esquiava com o filho de 14 anos, Mick. Estavam nos Alpes Franceses, em Méribel, quando ao aventurar-se numa zona fora dos percursos marcados para a prática do ski, Michael Schumacher bateu violentamente com a cabeça numa rocha. O capacete salvou-o, mas não o livrou de um traumatismo craniano grave que quase o matou.
Michael Schumacher foi transportado de avião para o Hospital de Grenoble, sujeito a duas cirurgias e posto num coma induzido. Nos meses seguintes, o automobilista deu esperanças de recuperação, ao mostrar “sinais de consciência”. Schumacher só saiu do coma a 16 de junho de 2014, quando foi retirado dos cuidados intensivos e levado para a ala de reabilitação do hospital francês primeiro e depois para o Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça. Três meses mais tarde — nove meses após o acidente –, a agente de Schumacher anunciava que o automobilista iria continuar os tratamentos em casa. Era a última vez que se ouviria falar do estado de saúde de Michael Schumacher.
Aquilo que se vai sabendo sobre o famoso piloto de Fórmula 1 sai ora de pessoas próximas à família Schumacher — que dizem que o piloto está “numa cadeira de rodas” por estar “paralisado numa das pernas” — ou pela boca de Felix Damm, o advogado do automobilista, que confessou em tribunal que o cliente “não conseguia andar”. De resto, a família próxima, a equipa médica e os advogados fecharam-se em copas, tal como prometeram fazer no comunicado de setembro de 2014:
“Pedimos que a privacidade da família de Michael continue a ser respeitada e que as especulações sobre o seu estado de saúde sejam evitadas”. A mensagem foi sublinhada em 2016 quando Felix Damm disse: “A saúde de Michael não é uma questão pública e, portanto, continuaremos sem fazer comentários a esse respeito”.
Apesar desse esforço, o silêncio absoluto em torno da saúde de Michael Schumacher esteve muito próximo de se romper. Um homem cuja identidade nunca foi revelada roubou as informações médicas confidenciais de Michael Schumacher e tentou vendê-las por quase 59 mil euros. A venda foi travada porque as autoridades francesas conseguiram desvendar o IP do computador usado para o ataque informático por trás desse roubo — e que pertencia à Rega, a mais importante empresa de helicópteros de socorro médico da Suíça. Os documentos foram recuperados sem nunca terem chegado a público. Mas o homem suspeito do roubo matou-se por enforcamento dentro da cela onde aguardava julgamento.
Um dos últimos relatos sobre Schumacher chegaram de um arcebispo chamado Georg Gänswein, que disse ter visitado o piloto de Fórmula 1 em setembro de 2016. Numa entrevista, o arcebispo disse: “Não queria orar no local com ele, porque não sabia se ele iria querer isso. Mas percebe-se que ele entende quando recebe visitas e tem um diálogo interior consigo mesmo. Pode sentir-se que a proximidade da família é importante para ele”. Mais do que isso só mesmo o que Sabine Kehm, a gestora da carreira de Schumacher, disse no início da temporada de Fórmula 1 deste ano: “O que pode ser dito é que a família realmente aprecia a empatia dos fãs. As pessoas realmente veem e compreendem que a situação de saúde dele não deve ser partilhada com o público”.
Apesar das raras declarações públicas da família Schumacher sobre a situação do piloto de Fórmula 1, a mulher dele viu-se obrigada a falar aos jornalistas no início do ano. Tudo aconteceu com o rumor de que Corinna, com quem Schumacher é casado desde 1995, tinha comprado uma mansão em Andratx, Maiorca, por um preço equivalente a quase 30 milhões de euros. O rumor adensou-se quando Katia Rouarch, presidente da Câmara dessa cidade, disse à revista suíça L’Illustre:
“Posso confirmar oficialmente que Michael Schumacher vai mudar-se para o nosso município e que tudo está a ser preparado para recebê-lo.” Mas a família negou a notícia pouco depois: “A família Schumacher não planeia mudar-se para Maiorca”, dizia o comunicado.
De resto, as informações são contraditórias. Há quem diga que Schumacher consegue conversar com os familiares mais próximos, mas também há quem diga que não consegue falar. A revista Paris Match chegou a citar um familiar que afirmava: “Quando alguém o põe na cadeira de rodas de frente para o belo panorama das montanhas com vista para o lago, às vezes o Michael chora”. Outra revista alemã, a Bunte, noticiou em 2017 que o piloto já conseguia andar outra vez. Mas foi obrigada a pagar uma multa de 50 mil euros a Michael Schumacher quando o advogado confirmou em tribunal que o automobilista “não conseguia andar”, muito menos sem assistência dos terapeutas.
Outro relato sobre Schumacher, mas que não desvenda qualquer informação sobre o estado de saúde dele, é o do piloto Jean Todt. É um dos poucos amigos de Schumacher que tem autorização expressa da família para visitar. Numa entrevista feita para o projeto “Born to Fight”, Jean Todt disse: “Simplesmente digo que é privado. Eu vejo o Michael, amo o Michael. Vejo a família dele. Queria que a situação fosse diferente. São os meus três queridos — o Michael, a Michelle e meu filho”.
Ninguém sabe se alguma vez se vai saber mais sobre o estado de saúde de Michael Schumacher. Algumas fontes próximas à família dizem que a mulher do piloto “está à espera de um milagre da medicina” para fazer uma nova declaração oficial. Enquanto o milagre não acontece, o resto do mundo continua sem saber o que é feito da estrela da Fórmula 1 que arrecadou sete títulos nas pistas, cinco deles seguidos entre 2000 e 2004.