Mark Zuckerberg, presidente executivo e fundador do Facebook, tem um hábito desde 2009: compromete-se com uma resolução de ano novo que partilha na rede social. Foi assim que construiu uma inteligência artificial para a sua casa, leu 25 livros, visitou todos os Estados Unidos da América e aprendeu mandarim. Mesmo com tudo o que aconteceu em 2018 — desde o escândalo Cambridge Analytica até ataques informáticos que comprometeram a informação de dezenas de milhões de utilizadores — para 2019 há uma resolução. “O meu desafio para 2019 é organizar uma série de discussões públicas sobre o futuro da tecnologia na sociedade”, disse Zuckerberg numa partilha esta terça-feira.
https://www.facebook.com/zuck/posts/10106021347128881
Para 2018, o objetivo era focar-se nos problemas que a plataforma enfrenta no combate às fake news, ao discurso de ódio e à interferência dos estados na plataforma. Mal sabia Zuckerberg que iria estar debaixo de fogo desde março deste ano devido ao escândalo Cambridge Analytica. A empresa de análise de dados utilizou indevidamente a informação de 87 milhões de utilizadores, recolhida de forma ilícita, para influenciar eleições. O ano não foi fácil, muito pelo contrário.
Ao longo de 2018, a rede social esteve envolvida noutros problemas pela forma pouco segura como tem lidado com os dados pessoais que os utilizadores inserem na plataforma (como aconteceu, por exemplo, depois de revelado em setembro o ataque informático que afetou informação de 29 milhões de utilizadores). Zuckerberg foi ao Congresso dos Estados Unidos para sessões nas duas câmaras e esteve também no Parlamento Europeu a ser ouvido pelos líderes partidários. Recentemente, foi o Facebook que revelou como um erro informático permitiu que empresas e programadores com que trabalha tivessem acesso às fotografias privadas dos utilizadores, mesmo as que o utilizador inseriu na rede social mas nunca chegou a publicar.
É exatamente por 2018 ter sido um ano difícil que, como diz o fundador, o Facebook se tornou numa “empresa diferente”. E é por isso também que Zuckerberg avança com esta resolução. O objetivo é perceber as “oportunidades, desafios, esperanças e receios” que a tecnologia apresenta. “Devemos centralizar a autoridade através de encriptação”; “Queremos que a tecnologia continue a dar voz às pessoas ou vão os gatekeepers tradicionais controlar que ideias podem ser expressas?”; “Como é que se constrói uma internet que ajuda as pessoas a aproximarem-se para resolver os grandes problemas do mundo, que precisam de colaboração global?”. Estas são algumas das questões que Zuckerberg levanta na publicação antes de anunciar as discussões.
Segundo Zuckerberg, em resposta a comentários no post do Facebook, o formato das discussões “ainda não está definido”. “Esta semana” vai planear com mais detalhe o que pretende com estas discussões. O objetivo é que “sejam informais” e deixou a nota sobre o que pretende: “Ter duas pessoas sentadas a falar pode ser um pouco aborrecido”.