O movimento das distritais que não estão com Rui Rio já tem as assinaturas necessárias para convocar um Conselho Nacional Extraordinário, que iniciará o processo de destituição da direção de Rui Rio, avançou o Expresso e confirmou o Observador.

As assinaturas, contudo, eram a parte mais fácil do processo, já que são apenas precisas 33. Basta um quinto dos conselheiros para convocar um Conselho Nacional, e é preciso um quarto dos conselheiros para dar entrada com uma moção de censura. O difícil é conseguir que essa moção de censura, que os críticos apelidam de “bomba atómica”, seja aprovada, já que é preciso maioria absoluta dos conselheiros. Mas mais difícil ainda era ter um rosto disponível para desafiar Rio — e esse primeiro obstáculo, pelo menos, parece estar superado.

Ao que o Observador apurou junto de fontes próximas, Luís Montenegro está a fazer “a sua reflexão”, mas tudo indica que está disposto a avançar. Os contactos têm-se multiplicado na última semana. Há quem lembre que Montenegro já fez este processo de reflexão uma vez, em novembro/dezembro de 2017, no pós-Passos, e acabou por recuar, mas também isso parece dar força à ideia de que desta vez avança mesmo: tem menos margem para recuar por já o ter feito uma vez.

Conspiradores à espera de Montenegro, Rio ignora e já prepara europeias

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo apurou o Observador, a comunicação oficial de Luís Montenegro deverá acontecer antes da próxima semana. Uma data provável é domingo, dia em que se assinala precisamente um ano desde que Rio foi eleito em diretas. Esta quarta-feira, na TSF, Montenegro deixou claro que “muito em breve” falaria sobre o estado do PSD e, nomeadamente, sobre o futuro do PSD, dando o primeiro sinal público que os críticos queriam ouvir.

A gota de água, que levou o ex-líder parlamentar de Passos Coelho a fazer essa declaração aos microfones, foi uma intervenção de Manuela Ferreira Leite (da ala rioísta) onde disse que preferia que o PSD tivesse um “pior resultado” do que fosse colado ao rótulo de “partido de direita” — tudo a propósito da convenção do Movimento Europa e Liberdade, que decorre hoje e amanhã, e que junta vários quadrantes da direita e centro-direita, mas na qual Rui Rio não quis participar.

Esta quinta-feira, em plena intensificação das movimentações e da especulação, Luís Montenegro fez questão de marcar presença na abertura da convenção, sentando-se na primeira fila, ao lado de Luís Marques Mendes, que era um dos oradores convidados do painel seguinte. Montenegro, contudo, não ficaria para ouvir o ex-líder do PSD, tendo saído sem prestar declarações. O painel onde vai participar está marcado para sexta-feira, ao final da manhã. Antes dele, falará Pedro Santana Lopes.

O Conselho Nacional do PSD reúne-se extraordinariamente, segundo os estatutos do partido, “a requerimento da Comissão Política Nacional, da Direção do Grupo Parlamentar, ou de um quinto dos seus membros”, cerca de 30 elementos, num órgão que tem 70 elementos eleitos e quase o mesmo número por inerência. A única forma de, por essa via, fazer cair a comissão política nacional, contudo, é através de uma moção de censura, que deve ser aprovada por maioria absoluta daquele órgão.