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Manuel Guiomar, ex-funcionário da Refer — Rede Ferroviária Nacional, entrou às 15h05m no Estabelecimento Prisional de Évora para cumprir a pena de prisão a que foi condenado pelo Tribunal Judicial de Aveiro no âmbito do processo Face Oculta mas, afinal, deverá cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Castelo Branco. Guiomar esteve 45 minutos dentro da prisão conhecida em todo o país desde que José Sócrates foi ali encarcerado em 2014.
À saída, em curtas declarações aos jornalistas sobre o facto de ir cumprir a pena que lhe foi aplicada em Castelo Branco, Guiomar adianta que: “Gostava de ficar aqui na minha área de residência mas leis são as leis e são os homens que decidem as leis, umas vezes mal, outras vezes bem, não vou discutir isso e, por isso, há que aceitar“.
“Estou de consciência tranquila”, conclui Manuel Guiomar.
Por sua vez, a advogada de Guiomar, perplexa com a situação do seu cliente não poder ficar preso em Évora, explica aos jornalistas: “Foi-nos transmitido que tratando-se de um estabelecimento prisional com características especiais para determinado tipo de reclusos, o mesmo não poderia entregar-se aqui“. Continua: “Sim, podiam recebê-lo sendo que de imediato seria transportado em carrinha celular para um outro estabelecimento prisional”.
A mesma advogada adianta ainda que o seu cliente saiu para se ir apresentar num outro estabelecimento prisional e que foi dada a ordem para o “senhor sair livremente“. A justificação apresentada pela advogada para se terem apresentado neste EP foi devido ao “tipo de processo de que estamos aqui a falar e porque o meu cliente tem familiares aqui em Évora”.
Conclui dizendo que: “Hoje já não se irá apresentar, irá fazê-lo nos próximos dias. Talvez em Castelo Branco“.
À chegada à porta do EP de Évora, Manuel Guiomar fez-se acompanhar pela sua advogada, Poliana Ribeiro e preferiu não prestar quaisquer declarações.
“Boa tarde, Poliana Ribeiro, advogada, queria fazer a entrega do meu constituinte“. Foi desta maneira que a advogada indicou aos serviços prisionais que o seu cliente se iria entregar, tendo-lhe sido aberta a porta de imediato.
A mesma advogada esclareceu ainda que “sempre foi intenção do meu cliente entregar-se voluntariamente no entanto não o comunicamos ao processo antes, comunicamo-lo ontem quando tomamos conhecimento que iriam ser emitidos os mandados”.
“Nós sabíamos que os recursos já estavam esgotados e que mais dia menos dia esta situação teria de ocorrer, não é uma situação agradável mas faz parte“, conclui Poliana Ribeiro.
Recorde-se que a juíza Marta de Carvalho, titular dos autos no Tribunal de Aveiro, ordenou esta segunda-feira que Guiomar, Armando Vara, ex-vice-presidente do BCP, e João Manuel Tavares, ex-funcionário da Petrogal, se apresentem perante as autoridades para serem transferidos para os estabelecimentos prisionais respetivos onde cumprirão as penas de prisão a que foram condenados pelo Tribunal Judicial de Aveiro. Vara foi condenado a uma pena de cinco anos de prisão por três crimes de tráfico de influência, enquanto que Tavares tem à sua espera uma pena de cinco anos e nove meses de prisão.
Manuel Guiomar foi o primeiro. Resta saber quando Armando Vara e João Manuel Tavares se apresentarão. Têm até à próxima quinta-feira para o fazerem, sob pena de a juíza Marta de Carvalho emita os respetivos mandados de detenção.
Artigo alterado às 16h26m