A Casa do Cinema Manoel de Oliveira, projeto há muito aguardado inserido na Fundação de Serralves, no Porto, vai abrir portas no primeiro semestre com António Preto como diretor, anunciou esta sexta-feira a instituição.
Numa apresentação do plano de atividades para 2019 no Museu de Serralves, que assinala 20 anos, a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, revelou que a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, com projeto do arquiteto Álvaro Siza Vieira, “é um dos grandes marcos que acontecerão em Serralves em 2019”, reforçando o cinema como valência daquela entidade.
Segundo a programação distribuída esta sexta-feira, a Casa do Cinema tem abertura marcada para abril com duas exposições dedicadas a Manoel de Oliveira: “na exposição permanente expõe-se um percurso abrangente através da obra do realizador”, enquanto a primeira exposição temporária “concentrar-se-á nas muitas — e muito diversas — representações do espaço da casa no cinema de Manoel de Oliveira”.
A exposição permanente vai ser completada “com uma programação permanente da obra de Manoel de Oliveira”, como explicou o diretor da Casa do Cinema, que realçou a necessidade de expor o trabalho do realizador aos públicos estrangeiros que visitam Serralves, sendo por isso todos os filmes de Oliveira legendados em inglês.
“A exposição permanente tem uma componente tecnológica muito acentuada”, salientou António Preto, que constatou os desafios colocados pela exibição de cinema em contexto expositivo.
De acordo com António Preto, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira vai ter uma sala de cinema, várias salas de exposição e outros espaços dedicados ao serviço educativo, para além de contar com conferências e edições próprias como a de um catalógo ‘raisonné’ bilingue (português e inglês) a ser publicado em colaboração com a Cinemateca Portuguesa.
Entre setembro e dezembro, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira vai acolher a primeira exposição da carreira do realizador Eugène Green, “acompanhada por uma seleção de filmes que foram marcantes no seu percurso como cineasta e por uma retrospetiva integral da sua obra”, bem como por trabalhos inéditos criados especificamente para Serralves.
António Preto realçou que será dada uma “atenção particular ao cinema de animação”, estando por isso já agendadas exibições de filmes de Regina Pessoa — incluindo a estreia absoluta do seu mais recente trabalho — e da húngara Reka Bucsi.
“Vai ser toda uma infraestrutura dedicada ao cinema, será uma nova era por isso em Serralves”, declarou Ana Pinho.
Em maio de 2016, o Ministério do Planeamento e Infraestruturas anunciou a aprovação da candidatura a fundos comunitários da Fundação de Serralves para o projeto, que representava, então, um investimento de 3,7 milhões de euros.
Em abril de 2015, aquando da morte do cineasta, o então presidente da Fundação de Serralves, Luís Braga da Cruz, garantiu que a instalação da Casa do Cinema Manoel de Oliveira no parque dependia apenas de fundos comunitários e da abertura das candidaturas ao programa operacional regional Norte 2020.
Meses antes, em janeiro daquele ano, a antiga diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Suzanne Cotter, afirmou, em entrevista à Lusa, que já estavam na posse do arquivo e a fazer a sua inventariação.
Em novembro de 2013, a Fundação de Serralves, a então secretaria de Estado da Cultura e o realizador Manoel de Oliveira assinaram um protocolo para a construção da Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
O realizador português Manoel de Oliveira morreu a 2 de abril de 2015 aos 106 anos.