Os neandertais extinguiram-se há 40 mil anos porque mantinham relações sexuais com pessoas da mesma família, sugere um estudo do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha. Após analisar 2.500 partes de esqueletos encontrados na caverna de El Sidrón, nas Astúrias, os cientistas descobriram anomalias congénitas nos fósseis. E esse tipo de anomalias, explicou o investigador Antonio Rosas ao El Mundo, “são mais frequentes em populações em perigo de extinção do que nas normais”.

El Sidrón é um sistema de cavernas calcárias onde foram encontrados pinturas de arte rupestre paleolítica e fósseis do homem de Neandertal. Era aqui que moravam 13 humanos dessa espécie há 49 mil anos, explica o El Mundo — uma família de sete adultos, três adolescentes e três crianças.

Quando esses fósseis foram recolhidos, os cientistas espanhóis dedicaram-se a estudar 1.674 dos 2.500 ossos encontrados na caverna. E descobriram “uma percentagem relativamente alta de anomalias congénitas, isto é, pequenas variantes morfológicas que são determinadas geneticamente”, descreve Antonio Rosas, autor principal da investigação, no estudo publicado na Scientific Reports.

Entre essas anomalias estão deficiências nas vértebras cervicais, nos ossos do pulso, nos pés, no nariz e nas mandíbulas. Também foram detetados problemas nos joelhos, no pescoço, na coluna e nas omoplatas, por exemplo. Ao todo foram 17 as anomalias identificadas pelos cientistas espanhóis. E todas foram provocadas pela “reprodução entre indivíduos do mesmo grupo” e pela “reiteração de pessoas geneticamente próximas”.

É por isso que os cientistas teorizam que foi o incesto a condenar o homem do Neandertal à morte. A falta de variabilidade genética significa que esta espécie ficou menos apta a sobreviver às mudanças ambientais, tal como determina a lei de Darwin. Há 40 mil anos, quando os neandertais se extinguiram, a reprodução entre membros geneticamente próximos já ocorria há 200 mil anos.

De qualquer modo, a verdade é que os neandertais não tinham outra hipótese senão reproduzirem-se entre si: as populações eram pequenas e estavam isoladas umas das outras. Além disso, não foi apenas o incesto a acabar com o homem de Neandertal: é preciso ter em conta a chegada do Cro-Magnon, que estava mais apto à sobrevivência, e as alterações climáticas.

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