O Museu de Arte Contemporânea de Serralves recebe esta segunda-feira a inauguração da exposição “I’m Your Mirror”, da artista portuguesa Joana Vasconcelos, que viaja até ao Porto depois de apresentar a mostra no Museu Guggenheim de Bilbau. A exposição abre ao público na terça-feira e fica patente em Serralves até 24 de junho, estendendo-se pelo Parque de Serralves e até pela avenida Marechal Gomes da Costa.
Apresentada como a primeira mostra individual de um artista português no Museu Guggenheim em Bilbau, onde recebeu mais de 640 mil visitantes, “I’m your mirror” integra mais de 30 obras de Joana Vasconcelos, 14 das quais novas. Entre as peças novas apresentadas em Espanha contou-se uma máscara veneziana com 2,5 toneladas, feita com 231 molduras de duplo espelho, e um anel solitário, de três toneladas, com 112 jantes de carro e 1.324 copos de cristal.
Para Bilbau, Joana Vasconcelos levou também algumas das suas peças mais icónicas, como “A Noiva”, um candelabro feito com tampões, “Marilyn”, um par de sapatos de salto alto feito com panelas, e “Pop Galo”, um gigantesco Galo de Barcelos em azulejo e luzes LED. O título da exposição surge em homenagem à cantora Nico, voz da canção “I’ll be your mirror”, dos Velvet Underground.
A exposição chega ao Porto sob o que a própria artista classificou como “polémica”, por nenhum dos dois diretores que estiveram à frente do museu nos últimos anos ter assumido a programação da mostra.
A diretora que antecedeu João Ribas, Suzanne Cotter, negou ao jornal Público ter programado a exposição, enquanto João Ribas se escusou a responder ao mesmo jornal, dizendo que “Joana Vasconcelos é uma artista extremamente relevante”, mas que o que ele gostaria de desenvolver à frente de Serralves era “um projeto distinto, que tem a ver com linhas de investigação sobre o que deve ser um museu no século XXI”.
Aquando da apresentação da programação para 2019, a presidente do conselho de administração, Ana Pinho, afirmou que “a exposição foi proposta pelo Guggenheim de Bilbau, foi apresentada ao conselho [de administração] pela anterior diretora [Suzanne Cotter] e foi assumida pelo diretor que, entretanto, saiu [João Ribas] e concluída agora pela equipa liderada pela diretora interina [Marta Almeida]”.
Em janeiro, em Paris, a artista classificou, em declarações à Lusa, de “polémica” a discussão gerada em torno da programação da sua exposição em Serralves e lamentou que se estrague a “visão do bom nome” da instituição portuense.
“Podemos chamar-lhe polémica, mas não se passa nada. Eu sou uma artista que expôs no Guggenheim em Bilbau e o Guggenheim propôs a Serralves trazer a sua exposição para o Porto e é isso que está a acontecer. […] As querelas locais têm pouco interesse e só estragam a visão do bom nome que se tem destas instituições”, afirmou Joana Vasconcelos.
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