O secretário de Estado da Energia afirmou esta segunda-feira que o Governo quer “posicionar Portugal no centro da cadeia de valor” do lítio, não só através da exploração mineira deste recurso, mas também com uma unidade de processamento.

Atualmente, “o lítio é da maior importância porque faz parte da cadeia de valor das baterias e é muito importante para a mobilidade elétrica e queremos posicionar Portugal no centro da cadeia de valor”, disse o secretário de Estado da Energia, João Galamba, em Aljustrel, no distrito de Beja.

“Não queremos apenas que tirem umas pedras do chão e que a cadeia de valor acrescentado deste tipo de indústria vá para fora, nós queremos fazê-la cá dentro”, frisou o governante.

Segundo João Galamba, que falava aos jornalistas após visitar o Centro de Estudos Geológicos e Mineiros do Alentejo e a zona de reabilitação ambiental da antiga mina de Algares, em Aljustrel, o Governo está a ultimar o concurso público internacional relativo à prospeção, pesquisa e exploração mineira do lítio em Portugal.

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Esse concurso público, que vai agregar as nove áreas identificadas com potencial de lítio no país, deverá ser lançado “nos próximos meses”, ou seja, “muito brevemente”, e o objetivo do Governo é ganhar escala.

“Queremos valorizar a escala para garantir que é possível instalar uma unidade de processamento de lítio em Portugal, porque é aí que reside grande parte do valor acrescentado desta cadeia de valor”, argumentou.

De acordo com João Galamba, “a Europa quer instalar toda a cadeia de valor das baterias para os carros elétricos em Portugal” e até “já há interesse de várias empresas a participar nesta indústria” no país.

“E o nosso objetivo é posicionar Portugal no centro desta indústria de futuro e garantir que Portugal valoriza os seus recursos e que não se limita a exportá-los, sem se apropriar do valor acrescentado”, insistiu, frisando que “o valor acrescentado é dos portugueses, é em Portugal que deve ficar”.

No que toca à preparação do concurso público internacional, “o método de triagem e de adjudicação” encontrado pelo Governo para responder à procura “muito significativa” de que Portugal foi alvo na área do lítio, uma vez que “é um dos países do mundo com maiores reservas deste minério”, já estão prontos o respetivo “caderno de encargos e o programa”.

“Agora, estamos apenas a articular com a secretaria de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território para garantir que as áreas que vão a concurso têm uma triagem prévia para garantir que as entidades do Estado com responsabilidades nesta matéria se articulam entre si”, nomeadamente a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Mas, ressalvou João Galamba, “nada disso significa um alívio das restrições ambientais”, pois a exploração e as concessões mineiras “continuam a precisar de avaliação de impacte ambiental”.

Na visita desta segunda-feira a Aljustrel, o secretário de Estado visitou também uma antiga galeria de acesso à mina, que vai poder ser visitada por turistas e integrar o futuro Parque Mineiro de Aljustrel.

O projeto, que está a “nascer” na vila, é impulsionado pela câmara e vai envolver uma parceria com a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), que já investiu 11 milhões de euros na reabilitação ambiental e paisagística de antigas zonas mineiras na vila, e a empresa concessionária da mina em laboração, a Almina.