O ex-Presidente brasileiro Michel Temer permaneceu em silêncio durante o interrogatório na Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde está preso desde quinta-feira, de acordo com a Agência Brasil.
A informação foi divulgada à imprensa local pela procuradora da República Fabiana Schneider, que integra a investigação da operação da Lava Jato no Estado do Rio de Janeiro, acrescentando que foram os advogados do antigo governante a informar que ele não iria falar.
Segundo a procuradora, das oito pessoas presas na operação, apenas o ex-ministro brasileiro Moreira Franco aceitou falar, negando ter recebido ou oferecido qualquer suborno.
Citada pela Agência Brasil, Fabiana Schneider disse ainda que os fundamentos dos mandados de prisão eram suficientemente sólidos para justificar a prisão de Temer.
“Se não houvesse motivos suficientes para a prisão preventiva, com toda a certeza, nós não faríamos esses pedidos. Nós estamos absolutamente convencidos da necessidade da manutenção da prisão. Estamos a falar de uma organização criminosa que assalta o Estado há quase 40 anos, em valores muito superiores aos quais estamos habituados, de 1,8 mil milhões de reais (cerca de 410 milhões de euros), pelo menos”, frisou.
Na quinta-feira, os advogados de defesa do ex-governante deram entrada com um recurso a pedir a libertação do antigo chefe de Estado.
Temer é o segundo ex-Presidente brasileiro a ser detido no espaço de um ano – o primeiro foi Lula da Silva, 73 anos, que cumpre pena de prisão.
O antigo chefe de Estado está a ser investigado em vários casos ligados àquela que é considerada a maior operação de combate à corrupção no Brasil, que investiga desvio de fundos da empresa petrolífera estatal Petrobras.
Desde o seu lançamento, em março de 2014, a investigação Lava Jato levou à prisão empresários e políticos, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), que foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2011.
Temer, do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi Presidente entre agosto de 2016, na sequência da destituição de Dilma Rousseff (PT), e janeiro de 2019.