O inverno 2018/2019 em Portugal continental foi quente e o 4.º mais seco do século, encontrando-se todo o território em seca meteorológica no final da estação devido aos baixos valores de precipitação, segundo o IPMA.

De acordo com o resumo do Boletim Climatológico a que a agência Lusa teve acesso, o défice de precipitação que ocorreu no inverno [o IPMA considera os meses de dezembro, janeiro e fevereiro] originou a que se instalasse uma situação de seca meteorológica em todo o território, mas com maior intensidade na região sul.

Assim, no final do inverno e de acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI), 4,8% do território estava na classe de seca severa, 57,1% na classe de seca moderada e 38,1% na classe de seca fraca.

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O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”. O documento indica que o total da quantidade de precipitação ocorrida nos meses de dezembro a fevereiro (145,7 milímetros) corresponde a cerca de 41% do valor médio, sendo o quarto 4.º inverno mais seco desde 2000 (os mais secos foram em 2012, 2005 e 2000).

De acordo com o instituto, existem quatro tipos de seca: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconómica. A seca meteorológica está diretamente ligada ao défice de precipitação, quando ocorre precipitação abaixo do que é normal.

Depois, à medida que o défice vai aumentando ao longo de dois, três meses, passa para uma seca agrícola, por haver deficiências ao nível da água no solo. Se a situação se mantiver, evolui para seca hidrológica, quando começa a haver falta de água nas barragens. Existe também a seca socioeconómica, que é considerada quando já tem impacto na população.

Além do índice de seca, o Boletim Climatológico, disponibilizado pelo instituto, indica que este inverno foi quente em relação à temperatura do ar, sendo o valor médio da temperatura máxima o mais alto desde 1931.

O valor médio da temperatura mínima do ar (4,58 graus celsius) foi inferior ao normal em 0,74 graus Celsius. Valores da temperatura mínima do ar inferiores aos deste inverno ocorreram em cerca de 40% dos anos, desde 1931″, segundo o Boletim.

No que diz respeito ao valor médio da temperatura média, o IPMA refere que foi superior ao normal em 0,41 graus. O IPMA adianta também que durante o inverno registaram-se grandes amplitudes térmicas em fevereiro, sendo que entre os dias 4 e 9 foram diárias e superiores a 20 graus em vários locais, em particular nas regiões do Norte e Centro.

No mês de fevereiro foram também ultrapassados, em cerca de 30% das estações, os valores da temperatura máxima do ar. Os maiores valores da temperatura máxima em fevereiro foram registados em particular nas regiões do Norte e Centro.

Situação de seca agravou-se em março em Portugal continental

Ainda em entrevista à Lusa, a climatologista do IPMA disse que Portugal continental continuava em março em seca meteorológica, tendo-se registado um aumento nas classes severa e extrema em consequência dos baixos valores de precipitação.

Vanda Pires adiantou que em março (até dia 28) verificou-se um aumento da área em seca severa, situando-se nos 37,5%, quando em fevereiro era 4,8%.

“Em fevereiro não existia seca extrema, mas em março, apesar de baixo, registou-se um valor de 0,5%. Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, disse.

De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI) do IPMA, em março 45,1% do território estava em seca moderada e 16,8% na classe de seca fraca.

O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.

Vanda Pires adiantou também que o mês de março, segundo o resumo do Boletim Climatológico feito pelo IPMA, classificou-se como quente em relação à temperatura do ar e muito seco quanto à precipitação.

Até dia 28 de março, a média da temperatura máxima do ar foi de 19,24 graus celsius, o terceiro mais alto desde 2000.

No que diz respeito à precipitação, o IPMA adianta que março de 2019 foi o 7.º mais seco desde 2000.

Vanda Pires destacou à Lusa que o mês de abril deverá continuar com tempo seco.

Está prevista chuva, mas nada de significativo que ajude a colmatar a seca. Para o mês de abril, os modelos apresentam valores abaixo do normal sobretudo nas primeiras semanas, o que não é nada favorável para a situação de seca”, contou.

Vanda Pires explicou que o mês de abril poderia ser decisivo para baixar os níveis de seca, mas se houvesse precipitação intensa e prolongada.

“Abril é normalmente um mês que traz precipitação. Se isso não se verificar, a tendência é para agravar, uma vez que os meses de maio e junho são meses de pouca precipitação e a ocorrer já não será suficiente para colmatar a situação de seca”, disse.

A especialista do IPMA lembrou que em 2018 o território estava em seca, tendo-se registado uma situação severa em fevereiro, mas como choveu muito em março a seca terminou.

Assim, de acordo com Vanda Pires, para a primeira semana de abril estão previstos valores de precipitação abaixo do normal para as regiões Norte e Centro (na semana entre 1 e 7 de abril).

“Preveem-se valores acima do normal para as regiões do Centro e Sul na semana de 8 a 14 de abril. De notar que para a segunda semana de abril a incerteza ainda é bastante grande”, disse.

No que diz respeito à temperatura, Vanda Pires adiantou que estão previstos valores abaixo do normal para todo o território na semana de 8 a 14 de abril.