É um dos jogos grandes da La Liga: FC Barcelona vs. Atlético de Madrid. Na ante-visão do encontro, Diego Simeone afirmou mesmo que nos últimos três anos a equipa catalã olha para os colchoneros como os grandes rivais. “Isso diz muito sobre o bom trabalho que temos feito“, disse. Isto já seria motivo suficiente para que os olhos dos apreciadores de futebol recaíssem sobre o jogo deste sábado no Camp Nou. Mas o encontro revestia-se de uma importância maior.

À entrada para 31ª jornada da liga espanhola, o Barça partia com oito pontos de vantagem face ao segundo classificado, o Atlético. Uma vitória dos catalães fecharia a discussão pelo título em Espanha, um empate mantinha intocável a já confortável liderança e uma derrota permitiria fazer os dois grandes da capital sonhar. No fundo, apresentava-se como o único confronto que ainda podia devolver uma dose de esperança e outra de incerteza ao desfecho da luta pelo título.

As estatísticas faziam as previsões pender para o lado do Barcelona, equipa a que Diego Simeone, enquanto treinador, nunca conseguiu vencer em jogos a contar para o campeonato.

[o primeiro golo do Barcelona, por Suárez:]

O jogo arrancou morno, com as equipas a estudarem-se mutuamente e tentando não cometer erros para não oferecerem de bandeja oportunidades ao adversário. O primeiro lance  digno de registo surgiu aos 13 minutos, quando Messi inventou um passe por cima da defesa do Atlético para encontrar um lançado Jordi Alba, que atirou a bola ao poste. O Barça foi sempre controlando a partida através da posse de bola, guardando para si a iniciativa do jogo.

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E se a tarefa do Atlético de Madrid já era difícil, sobretudo com a equipa de Ernesto Valverde a levar a batuta, mais ficou com a expulsão do polémico Diego Costa. Aos 28 minutos depois de lhe ter sido assinalada uma falta, o avançado decidiu protestar com o árbitro. Não se sabe ao certo o que terá dito mas terá sido mais do que suficiente para justificar o cartão vermelho direto, que saiu de imediato e sem hesitações do bolso de Gil Manzano.

Com 0-0 no marcador e com mais de uma hora de jogo pela frente, o empate desenhava-se como o mal menor para as duas equipas. O jogo arrefeceu ainda mais e o Barça foi guardando a bola enquanto tentava cansar ou adormecer o Atlético de Madrid, que corria com menos um atrás do prejuízo.

O intervalo chegou mas não veio mudar a estratégia. Um inconformado Messi ia tentando quebrar a monotonia que foi descendo sobre o Camp Nou. Fosse através de iniciativas individuais ou puxando pelos colegas, o craque argentino ia conseguindo agitar o jogo a espaços. Mas do outro lado estava um guarda-redes… perdão,  uma muralha intransponível: Oblak. Aos 69 minutos já contava com nove defesas — algumas de elevada qualidade.

[o golo de Messi:]

Foi já no fim, aos 85 minutos, que Suárez acordou todo um estádio com um golaço de fora da área. Depois de receber a bola na zona central, vinda do flanco esquerdo, o uruguaio rematou rasteiro e colocado. A bola entrou depois de bater no poste e de deixar estendido no chão o guardião ex-Benfica. Estava praticamente fechada a discussão pelo encontro — e pelo título.

Mas no Barça há um ser sobre-humano que consegue fazer-nos ver magia nas coisas mais simples. Depois de uma arrancada pela direita, Messi fletiu para o interior da área e arrastou com ele toda a defesa do Atlético. Foi ameaçando, ameaçando, ameaçando, até que rematou mesmo. Um tiro de pólvora seca, para o lado da baliza mais improvável. Desta vez, o gigante entre os postes ficou colado ao chão, a ver a bola entrar.

A partir deste momento, aos 87 minutos, os restantes minutos foram uma mera formalidade. Uma formalidade que teve como banda sonora um estádio agora acordado, que ia cantando as palavras que, com mais azedume ou mais emoção, iam passando pela cabeça de todos quanto assistiam ao encontro: “Campeones, campeones…