A primeira parte da entrevista de Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do FC Porto, ao jornal O Jogo, publicada esta terça-feira, valeu não só resposta do rival Benfica mas também a instauração de um processo disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (ainda que nomeando apenas “dirigente desportivo, com base em declarações proferidas à comunicação social”). Na segunda, publicada hoje, o futebol assume quase toda a conversa mas nem por isso o número 1 dos dragões deixa de criticar as atuações de árbitros e VAR quando fala sobre a continuidade de Sérgio Conceição.

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“Há pouco tempo ele [Sérgio Conceição] renovou contrato e não é para o ano, é para mais dois. E não renovou para mais três porque o meu mandato acaba entretanto e essas coisas estão interligadas. O que li e o que ele me disse a mim é que estaria sempre de alma e coração no FC Porto, que é o seu clube, enquanto eu entendesse. No dia em que eu não quisesse ou que entendesse que era melhor ele sair, faria as malas e sairia sem qualquer indemnização. Isso é totalmente diferente de dizer que ele exigiu condições para disputar títulos”, destaca num cenário que não muda com o desfecho da final da Taça de Portugal. “A saída não é assunto e espero que, daqui a dois anos, seja eu ou quem cá estiver, tenha a possibilidade e o bom senso de renovar com ele. Foi ele que foi tirar os padres à sacristia para estes jogos? Não foi”, acrescenta.

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“Como se pode garantir isso [disputar títulos] ao Sérgio Conceição quando vemos o que aconteceu na Vila da Feira, em Braga ou em Vila do Conde? Quando foi o Calabote pensávamos que não voltava a acontecer. É o Sérgio que tem culpa que o senhor Bruno Paixão vá para o VAR na Vila da Feira ou o senhor João Pinheiro seja VAR em Braga ou o senhor Luís Godinho seja VAR em Vila do Conde? A culpa não é dele nem é minha. O Sérgio Conceição será treinador pelo menos mais dois anos, que são os que tem de contrato”, reforça o presidente dos azuis e brancos, voltando ao tema dos três jogos que para si decidiram o Campeonato.

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Em paralelo, Pinto da Costa recusou a ideis de que existam problemas entre as claques e o plantel, sobretudo depois da tensão no final do empate dos dragões frente ao Rio Ave onde foi visível a contestação à equipa. “Não sei a que tipo de problemas se refere, talvez esteja a falar do pequeno desacordo que houve em Vila do Conde, da claque com os jogadores e técnicos. Isso é perfeitamente normal e não atingiu o espírito do grupo. A prova disso foi o apoio que a claque manteve nos dois jogos seguintes”, comenta, completando que, na sua ótica, a roda entre jogadores, treinadores e staff no final do encontro no relvado “deve ser feita no meio” e colocando algum humor à mistura a propósito da reação de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, em Vila do Conde: “Tirar o casaco e a camisola? Quando muito é um confronto com o alfaiate”.

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Por fim, e a propósito da saída de João Félix do FC Porto para o Benfica na formação, Pinto da Costa deu o exemplo contrário que se passou com Fábio Silva, avançado campeão europeu de juniores pelo clube que esteve agora no Europeu Sub-17: “[João Félix] Saiu do FC Porto para o Benfica mas na altura não era o que é hoje. Naturalmente, como não estava satisfeito nem a ter aproveitamento, foi para o Benfica. Sei quem o levou para lá, um indivíduo que se diz portista, o Manuel Moreira de Sá. E sei que não foi à primeira que o aceitaram. O craque dos nossos Sub-17, o Fábio Silva, sabem de onde veio? Do Benfica”.

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