Em função das transmissões televisivas e dos cruzamentos de jogos com equipas que ainda tinham objetivos em aberto, a última jornada da Serie A começou com a campeã Juventus em jogo. Também por aqui, não houve muito mais para dizer: no derradeiro encontro de Massimiliano Allegri no comando da Vecchia Signora, a despedida, com muitas ausências à mistura – incluindo as de Cristiano Ronaldo e João Cancelo, poupados para a Final Four da Liga das Nações – e a titularidade para Matheus Pereira (jovem brasileiro contratado em 2016 aos juniores do Corinthians), dificilmente poderia ser mais tristonha, com nova derrota frente à Sampdória por 2-0 com o 38.º onze inicial diferente no Campeonato. “Sinto-me bem porque acabámos cinco épocas extraordinárias. A partir de amanhã, começa uma nova era. Treinador? Não será amanhã”, comentou.

Dos bianconeri, tudo dito com uma invulgar curiosidade que só em tempo de balanços se pensa: em 190 jogos realizados para o Campeonato na Juventus, Allegri mudou 185 vezes de onze. Não foi por isso que deixou de fazer o pleno de triunfos na prova mas esse registo mostra também a razão pela qual vai abandonar Turim – por mais que promovesse uma rotatividade tendo em vista os compromissos internacionais, o máximo que a equipa conseguiu foi chegar duas vezes à final da Liga dos Campeões, perdendo com Barcelona (2015) e Real Madrid (2017). Mas mais do que Allegri, é de outro técnico que se fala: Gian Piero Gasperini.

Se existe uma história de sonho este ano nas principais ligas europeias é a da Atalanta: numa época onde começou quase sem pré-temporada em qualificações para uma Liga Europa que não conseguiria atingir, o conjunto de Bérgamo conseguiu chegar à final da Taça de Itália (derrota com a Lazio em Roma) e confirmou este domingo o terceiro lugar no Campeonato com um triunfo por 3-1 na receção ao Sassuolo, além de garantir ainda o “título” de melhor ataque da Serie A com 77 golos em 38 partidas. Pela primeira vez em 58 anos, a Atalanta acabou no pódio do Campeonato; pela primeira vez em 111 anos de história do clube, vai participar na Liga dos Campeões. Papu Gómez, Ilicic e sobretudo Duvan Zapata fizeram uma temporada fantástica mas é sobre Gasperini que tem recaído o principal mérito de uma campanha que prova também como uma ideia de jogo bem definida e que nunca se desvie dos seus princípios ofensivos ainda tem espaço para vingar no futebol atual.

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Neste contexto, todas as atenções começaram a centrar-se em Milão, com os rivais Inter e AC Milan a discutirem a última vaga de acesso à fase de grupos da Champions, sendo que quem ficasse atrás passava de forma direta para a Liga Europa. E os nerazzurri, jogando em San Siro frente a um Empoli em risco de descida à Serie B, brincou com o fogo mas fugiu à guerra.

Com o Inter a ter um ponto de vantagem e a depender apenas de si, os adeptos radicais da claque Curva Nord deixaram uma mensagem forte para o grupo de trabalho durante a semana. “Não há desculpas, apenas tom**** este domingo. Vamos apoiar-vos durante os 90 minutos e nos descontos como se estivéssemos em Madrid mas no final do jogo será festa ou guerra”, escreveram nas suas redes sociais, recordando a cidade onde a equipa ganhou a última Liga dos Campeões com Mourinho, em 2010. No entanto, e em termos virtuais, houve momentos da noite em que a equipa esteve fora, nomeadamente com a vantagem do AC Milan diante da SPAL até aos 53 minutos e, mais tarde, com o conjunto de Gattuso a ganhar pelo 3-2 final.

Depois de uma primeira parte sem golos, Keita Baldé, avançado emprestado pelo Mónaco, inaugurou finalmente o marcador (51′) entre muitas outras oportunidades desperdiçadas como um penálti de Icardi até ao empate de Traoré a cerca de 15 minutos do final. Durante um pequeno período, o Inter voltou a estar fora da Champions mas Nainggolan, aos 81′, recolocou a vantagem para o lado da equipa de Luciano Spalletti (que fez o último jogo, devendo ser substituído por Antonio Conte) antes de um epílogo de jogo de loucos em San Siro com D’Ambrosio a desviar uma bola na sua pequena área para a trave quando a igualdade parecia certa, Handanovic teve uma grande intervenção num lance onde vários defesas dos nerazzurri escorregaram na área, Dragowski evitou o 3-1 de Baldé, Brozovic marcou do meio-campo mas o VAR anulou o golo e expulsou Baldé e, ao sétimo minuto de descontos, a bola rondou a pequena área do Inter sem que ninguém do Empoli conseguisse desviar para a baliza. Quando não podia falhar, o Inter acabou por brincar com o fogo mas foi a tempo de fugir da guerra e quem ficou a arder foi o rival AC Milan.