“O sul-coreano de Villa Fiorito. Kang In Lee, sem ter cumprido ainda os 18 anos, irrompeu no Valencia com o atrevimento de um miúdo e a personalidade de um homem. Canhoto cerrado, com boa visão de jogo, uma disciplinar militar para as suas obrigações e um amplo reportório futebolístico: preciso no passe, imaginativo na finta, descarado no remate. Não pede permissão para nada porque tem as duas valentias exigidas pelo grande futebol: a de colocar a perna e a de pedir a bola (…) Se me dissessem que este sul-coreano tinha nascido em Villa Fiorito, acreditava”, escreveu Jorge Valdano no El País.
???????? Lee Kangin takes home the adidas Golden Ball at the #U20WC ⚽️???? pic.twitter.com/7Ph5HN6A5z
— FIFA (@FIFAcom) June 15, 2019
Entrar na coluna Juego Infinito assinada pelo antigo campeão mundial pela Argentina num dos jornais de referência em Espanha funciona quase como um certificado de garantia para o presente e futuro de qualquer jogador. Fazer uma referência ao bairro de onde Maradona veio, ainda mais. Kang-in Lee, que pode ser Lee Kang-in ou Lee Kangin, consoante o país em causa, é um fenómeno de apenas 18 anos que teve no Mundial Sub-20 um palco de apresentação através da transmissão dos jogos. Logo ele que, com apenas seis anos, começou a dar nas vistas exatamente num reality show chamado “Shoot-dori” da KBS N Sports, o que lhe valeu uma passagem para a academia Yoo Sang-chul antes de assinar com oito anos pelo Incheon United, jogando já nos Sub-12. No início de 2011, chegou a Espanha para fazer testes no Valencia e no Villarreal e por lá ficou.
Depois de se ter estreado pela equipa B em 2017/18, o médio ofensivo chegou ao conjunto principal na presente temporada, entrando num jogo do Valencia na Taça do Rei com o Ebro e tornando-se o mais novo sul-coreano de sempre a jogar na Europa. Dois meses e meio depois, realizou também o primeiro encontro na Liga espanhola, sendo o segundo mais novo de sempre a estrear-se no Campeonato espanhol apenas superado por Ander Barrenetxea, da Real Sociedad. Ato contínuo, Kang-in Lee teve a primeira internacionalização pela formação principal da Coreia do Sul comandada por Paulo Bento.
Depois da derrota na primeira jornada do Grupo F do Mundial Sub-20 com Portugal, a Coreia do Sul foi crescendo na prova à mesma escala da influência do número 10 na equipa. A seguir ao triunfo com a África do Sul (1-0), a vitória com a Argentina garantiu a passagem à fase seguinte da competição (eliminando também a Seleção Nacional) e seguiram-se mais sucessos com Japão (1-0), Senegal (3-3, 3-2 nos penáltis) e Equador (1-0), todas revelações da prova organizada na Polónia. Faltava um último obstáculo e Kang-in Lee até inaugurou o marcador de grande penalidade logo a abrir o encontro (5′).
UCR 1 COR 1 (HT)
crazy ???????? pic.twitter.com/iHoA41eGgs— Rui Miguel Tovar (@ruimtovar) June 15, 2019
A Coreia do Sul já tinha feito história, a Ucrânia apressou-se a escrever ainda mais história: a mesma geração que no ano passado deixara grandes indicações no Europeu Sub-19, onde caiu apenas nas meias-finais frente a Portugal (que se viria a sagrar campeão), voltou a ser mais forte tal como tinha acontecido num “duelo de gigantes” nas meias com a Itália (1-0) e, depois de ter empatado ainda no primeiro tempo por Supriaha (34′), passou para a frente com mais um golo do avançado do Dínamo Kiev (53′), segurou a reação dos asiáticos com uma defesa fabulosa do guarda-redes do Real Madrid (emprestado ao Leganés na última época) Lunin e fechou de vez a final com o 3-1 de Tsitaishvili aos 89′. Como prémio de “consolação” para a Coreia do Sul, Lee acabou por receber o prémio de melhor jogador da competição.
???????? Ucrânia ???? Coreia do Sul ????????
O ponta-de-lança Vladyslav Supriaha (Dynamo Kyiv) ainda não tinha marcado no Mundial e acabou por bisar na final ⭐#U20WC #UKRKOR #RatersGonnaRate pic.twitter.com/UbBw5cMAv3
— GoalPoint (@_Goalpoint) June 15, 2019