A onda de calor que está a afetar a Europa já provocou dois mortos em Espanha e levou ao fecho de cerca de quatro mil escolas na França, onde pela primeira vez foi ultrapassada a barreira dos 45ºC.
O calor extremo “excecional” que afeta a França e, em particular, o sudeste do país, levou ao fecho de cerca de quatro mil escolas, uma vez que podiam não estar garantidas as condições de segurança, segundo o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe.
Pela primeira vez, a França ultrapassou hoje a barreira dos 45ºC, com a comuna de Villevieille, no departamento de Gard (sul), a registar 45,1ºC.
“A França junta-se ao clube dos países europeus que têm o seu recorde nacional pelo menos igual a 45ºC (Bulgária, Portugal, Itália, Espanha, Grécia, Macedónia do Norte)”, escreveu o meteorologista francês François Jobard, da Météo-France, na rede social Twitter.
Na quinta-feira, o serviço meteorológico francês ativou pela primeira vez o alerta de calor extremo, com quatro departamentos no sul colocados no nível vermelho de vigilância devido às previsões de temperaturas de 42 a 45 graus nos próximos dias.
O resto do país permanece em alerta laranja e as previsões mostram que esta onda de calor só vai abrandar a partir de domingo.
Calor. França ativa alerta vermelho e incêndio em Espanha ameaça 20 mil hectares
Em Espanha, um jovem de 17 anos morreu nesta sexta-feira de manhã num hospital em Córdoba, no sul do país, por causa de um golpe de calor que sofreu quando estava a trabalhar no campo, segundo a autoridade regional de saúde da Andaluzia. O rapaz começou a sentir-se mal e entrou numa piscina para se refrescar. Ao sair, começou a ter convulsões.
O jovem residente na província de Castro del Rio, deu entrada no Hospital Rainha Sofía de Córdoba às 12h00 de quinta-feira (11h00 em Lisboa) e esta sexta-feira acabou por falecer às 01h25 (00h25 hora de Lisboa) depois de ter sido submetido a uma cirurgia.
A segunda vítima mortal registada foi um homem, de 93 anos, que desmaiou na noite de quinta-feira quando caminhava no centro de Valladolid, acabando por morrer “por causa de insolação”, indicou um porta-voz da polícia local à agência de notícias France-Presse.
Na quinta-feira, um homem de 45 anos foi internado no Hospital de Múrcia também devido ao calor, encontrando-se em estado grave.
Das 50 províncias de Espanha, 34 estão em alerta, incluindo a Catalunha, onde os bombeiros estão a combater um incêndio que já destruiu 6.500 hectares e permanece fora de controlo.
O fogo, que deflagrou em plena onda de calor na Europa, começou na quarta-feira perto da cidade de Torre del Espanol, na Catalunha, e tem estado a ser combatido por centenas de bombeiros, além de meios aéreos, mas sem que se consiga controlar qualquer frente.
Uma porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou esta sexta-feira para o facto de as elevadas temperaturas noturnas não permitirem que o corpo humano e os seres vivos recuperem.
“A noite é importante porque é quando o corpo recupera, assim como os animais e plantas, mas com temperaturas mínimas de 25 graus que estamos a observar em alguns lugares não é possível. São más notícias”, afirmou a porta-voz da OMM.
A onda de calor irregular que está a afetar a Europa está a provocar, além de incêndios, fecho de escolas, aumento da poluição. E também já reclamou mais vidas. Em Milão, Itália, um sem-abrigo de 72 anos foi encontrado morto perto da gare central, vítima do calor, segundo as autoridades, e em França a morte de três pessoas nas praias da costa sul foi associada ao choque térmico.
A vaga de calor tem origem no deserto do Saara e estará associado ao aquecimento global e a gases com efeito de estufa, segundo cientistas consultados pela agência de notícias francesa AFP.
Em Espanha, o instituto meteorológico (AEMET) divulgou uma série de recomendações relativas ao calor (beber muitos líquidos, cobrir a cabeça, não fazer exercício a meio do dia) e advertiu para o “risco extremo” de incêndios em regiões como Catalunha, Aragão, Navarra e Extremadura.
Por sua vez, o serviço meteorológico francês ativou pela primeira vez o alerta de calor extremo, com quatro departamentos no sul colocados no nível vermelho de vigilância devido às previsões de temperaturas de 42 a 45 graus nos próximos dias.
O resto do país permanece em alerta laranja e as previsões mostram que esta onda de calor só vai abrandar a partir de domingo.
Também a Alemanha está a ser atingida por temperaturas muito altas, com os serviços de meteorologia a estimarem que os termómetros poderão registar os valores mais altos dos últimos 70 anos, quando, em 1947, Frankfurt bateu recordes registado 38,2°C.