O serviço meteorológico francês ativou esta quinta-feira pela primeira vez o alerta de calor extremo, com quatro departamentos no sul colocados no nível vermelho de vigilância devido às previsões de temperaturas de 42 a 45 graus nos próximos dias. E em Espanha um incêndio descontrolado numa zona rural do Nordeste já destruiu mais de 4.000 hectares de vegetação e ameaça devorar 20.000 hectares de vinhas e oliveiras disse o ministro regional do Interior de Espanha, Miguel Bunch.

Criado a seguir à vaga de calor de 2003 e nunca ativado antes, o alerta foi ativado esta tarde pelo Méteo France e está em vigor até à tarde de sexta-feira em quatro regiões situadas no sul do país: Bouches-du-Rhône, Gard, Hérault e Vaucluse. Este serviço estima que as temperaturas possam atingir os 45 graus Celsius nessas regiões, alertando que o fenómeno de calor extremo será “intenso”.

A temperatura bateu mesmo recordes absolutos num mês de Junho esta quinta-feira, ao registar-se 41,5 graus em Saint-Julien-de-Peyrolas, perto de Avignon, no departamento de Gard.

Entre alguns dos pontos mencionados pela Méteo France num aviso aos cidadãos está o facto de esta onda de calor afetar toda a população e não apenas as pessoas consideradas mais vulneráveis.

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“Cada um de nós está ameaçado, mesmo as pessoas que estão de boa saúde” refere o site da instituição, embora o perigo seja “maior para os idosos, pessoas com doenças crónicas ou doenças mentais, pessoas que tomam regularmente medicamentos e pessoas isoladas”.

O resto do país permanece em alerta laranja e as previsões mostram que esta onda de calor só vai abrandar a partir de domingo. Esta tarde, os termómetros atingiram entre 36 a 40 graus em diferentes regiões, sexta-feira poderão chegar aos 45 nos departamentos em alerta vermelho e continuar nos 39 de máxima no sábado.

Este episódio de calor fez com que a circulação diferenciada fosse ativada em grandes cidades como Paris, fazendo com que apenas circulem carros com matrículas recentes e menos poluentes.

Ao mesmo tempo, os comboios franceses estão a aceitar, de forma gratuita, cancelamentos de reservas e mudanças de bilhetes devido ao calor.

Os alertas para o consumo de água e outros conselhos à população continuam a ser difundidos pelos meios de comunicação e nos transportes. Algumas cidades, um pouco por todo o país, decidiram mesmo fechar as escolas durante esta quinta e sexta-feira devido ao calor extremo.

Incêndio em Espanha ameaça 20 mil hectares devido a onda de calor

O fogo, que deflagrou em plena onda de calor na Europa, começou na quarta-feira perto da cidade de Torre del Espanol, na Catalunha, e tem estado a ser combatido por centenas de bombeiros, além de meios aéreos, mas sem que se consiga controlar qualquer frente.

“As dificuldades são de tal ordem que não podemos falar nem de uma fase de controlo nem de extinção. Pelo contrário, estamos numa fase de pleno progresso do fogo”, explicou o ministro a uma rádio local.

Esta quinta-feira de manhã estavam 350 bombeiros no local e sete meios aéreos a combater o incêndio, que já foi classificado como de “risco extremo” até porque ameaça destruir por completo 20.000 hectares da região, cobertos de pomares, oliveiras e vinha, de acordo com um comunicado do governo regional da Catalunha.

A propagação do incêndio tem sido acelerada por ventos fortes e pela contínua subida da temperatura, já acima dos 40º, e já implicou a retirada de 30 pessoas das suas casas

Este incêndio é uma das consequências da onda de calor irregular que está a afetar a Europa e que já está a provocar, além de incêndios, fecho de escolas, aumento da poluição e algumas mortes por choque térmico.

Este último caso aconteceu em Milão, na Itália, quando um sem abrigo de 72 anos foi encontrado morto, na manhã desta quinta-feira, perto da gare central, vítima do calor, segundo as autoridades.

Também na França a morte de três pessoas nas praias da costa sul foi associada ao choque térmico.

Na quarta-feira, a Alemanha, a Polónia e a República Checa atingiram a temperatura mais alta já registada nestes países em junho, mas, segundo os meteorologistas, o calor ainda vai aumentar nos próximos três dias.

Vários países da Europa já registaram as temperaturas mais altas de sempre. E ainda vai ficar mais calor

A onda de calor está também a afetar os animais e os jardins zoológicos europeus já proibiram o transporte de animais nos próximos dias.

Por outro lado, as temperaturas altas também estão a aumentar os níveis de poluição, nomeadamente de ozono na atmosfera, o que levou algumas cidades, nomeadamente de França, a adotarem regras para a circulação automóvel dos próximos dias, proibindo os veículos mais poluentes de andar na rua.

A vaga de calor tem origem no deserto do Saara e está associada ao aquecimento global e a gases com efeito de estufa, referem os cientistas, acrescentando que o fenómeno climático é excecional, mas vai-se repetir cada vez com mais frequência.