(em atualização)
O parlamento espanhol chumbou, esta terça-feira, a formação de um Governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez, na primeira votação da investidura. Sánchez, que venceu as eleições legislativas em abril, precisava de 176 votos, entre os 350 deputados, para governar. Ficou, ainda assim, muito longe da maioria absoluta exigida nesta primeira votação, ao conseguir apenas os 124 votos afirmativos da sua própria bancada parlamentar. O Unidas Podemos absteve-se — dizendo que é um “sinal” dado a Sánchez —, tal como os bascos da coligação EH Bildu e do PNV. Os deputados da Esquerda Republicana Catalã votaram contra, tal como o PP, o Ciudadanos e o Vox.
No total, foram 170 votos contra, 124 a favor e 52 abstenções.
O resultado não surpreende, depois de dois dias de debate tenso, no Congresso dos Deputados, e de negociações de bastidores que continuam a não assegurar um acordo entre o PSOE e o Unidas Podemos — a hipótese apontada como a única possível para viabilizar o Governo. Na segunda-feira, Pablo Iglesias e Pedro Sánchez protagonizaram uma troca dura de palavras, durante a qual o líder do Podemos garantiu que o partido não se deixa pisar e que não aceitará ser apenas um elemento decorativo no executivo, criticando o líder do PSOE por se comportar como se tivesse a maioria que não tem.
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A distância entre ambos aumentou, depois de Sánchez ter apelado à abstenção do PP e do Ciudadanos, que foi mal visto por Iglesias. Mas, à direita, dificilmente o presidente do Governo conseguirá grande apoio. Pablo Casado e Albert Rivera prometeram votar contra a investidura, dizendo que o PSOE abandonou o centro político e está colado à esquerda radical, inviabilizando qualquer tipo de cooperação.
Já esta quarta-feira, Pedro Sánchez ouviu as dúvidas e reticências dos partidos independentistas — de quem também precisa para poder governar. A Esquerda Republicana Catalã admitiu abster-se, mas condicionou essa decisão à garantia de um acordo entre o PSOE e o Unidas Podemos até quinta-feira. Os bascos do PNV queixaram-se de terem sido esquecidos nas negociações de bastidores, mas também admitiram abster-se.
Com este chumbo, Pedro Sánchez tem 48 horas para reunir o apoio de que precisa. Na quinta-feira, às 13h, a investidura vai de novo a votos e com outras contas: nessa altura, Sánchez precisará apenas de uma maioria simples — mais votos sim do que votos não.