(notícia atualizada às 13h15 com resposta do ministro Pedro Nuno Santos)

O vice-presidente do sindicato de motoristas de matérias perigosas, o advogado Pedro Pardal Henriques, afirma que o Governo tem de ter “cautela” com o tema da greve dos motoristas porque se trata de ano de eleições. Esta é a explicação dada pelo advogado quando confrontado com declarações feitas há algumas semanas, num congresso nacional dos motoristas, onde dizia que sendo este ano de eleições “se nós não conseguirmos fazer nada este ano, [no próximo ano] eu acho um bocado difícil”.

“Este ano é ano de eleições, em outubro. Se nós não conseguirmos fazer nada este ano, [no próximo ano] eu acho um bocado difícil. Mas eu estou convosco até ao fim”, disse Pedro Pardal Henriques no congresso nacional que se realizou no primeiro fim de semana deste mês. As declarações estão num vídeo publicado pela SIC Notícias esta quarta-feira.

Foi nesse congresso que se decidiu que caso a ANTRAM não aceitasse as reivindicações em cima da mesa os sindicatos iriam avançavam com a greve, o que se confirmou. Não tendo havido acordo, já foi feita a entrega do pré-aviso de greve para 12 de agosto.

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Questionado pela mesma SIC Notícias, já esta quarta-feira, Pedro Pardal Henriques deu mais explicações sobre a declaração feita no congresso. O vice-presidente do sindicato diz que “temos visto até hoje uma aliança muito forte entre o Governo e a ANTRAM”, fazendo com que “os problemas dos motoristas não estejam a ser salvaguardados”.

Pedro Pardal Henriques critica o Governo por não ter, na sua opinião, “uma mão forte para as pessoas que não cumprem acordos que foram celebrados frente a eles”.

Assim, o advogado argumenta que, havendo “uma posição que nós pedimos ao Governo para tomar”, “é claro que o Governo, tendo em conta que vai existir eleições, terá de ter alguma cautela naquilo que vai falar” a respeito deste processo.

Eleições “não deviam” ser tidos em consideração para marcar greves

“Obviamente que nos preocupa que os atos eleitorais, momentos fundamentais na vida democrática de um país, sejam tidos em consideração quando se decide fazer uma contestação ou uma greve. Não deviam”, disse Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita às oficinas da CP/EMEF em Guifões, em Matosinhos, distrito do Porto.

“Estamos todos a trabalhar para nos preparar para qualquer eventualidade e, antes disso, para que não haja sequer greve”, frisou.

Pedro Nuno Santos observou ainda que “o Governo trabalha da melhor forma para que o impacto negativo [da eventual greve] na vida dos portugueses seja o mínimo”.

“Ao mesmo tempo, tem a preocupação de que um diferendo entre as duas partes se consiga resolver e toda abertura para que as partes se entendam e cheguem a um acordo”, descreveu.

O ministro lembrou que “os motoristas vão ter um aumento muito significativo, de cerca de 300 euros, já em janeiro 2020”, destacando que “era importante que não se perdesse o que já se alcançou”.