Já se conhecem os 13 primeiros finalistas ao Booker Prize, o mais importante prémio de literatura em língua inglesa. A longlist deste ano, divulgada esta quarta-feira e composta sobretudo por autores britânicos, inclui vários os repetentes Margaret Atwood e Salman Rushdie.

Atwood, nomeada por The Testaments, sequela de The Handmaid’s Tale (em português, A História de uma Serva), é apontada pelo The Guardian como a grande favorita ao Booker Prize deste ano, que será entregue em outubro, em Londres. A escritora canadiana, várias vezes nomeada, venceu o galardão em 2000, com The Blind Assassin, o que significa que, se o jornal britânico estiver certo, poderá tornar-se numa das poucas a repetir a façanha. O que é também interessante é que The Testaments só estará disponível nas livrarias britânicas a partir de 10 de setembro, o que impediu o júri do galardão literário de adiantar mais informações sobre o romance, que se passa 15 anos depois do final da distopia The Handmaid’s Tale, além de: “É aterrador e empolgante”.

Na lista de candidatos conta-se também Salman Rushdie, com Quichotte, um romance publicado em agosto inspirado na história de D. Quixote. O escritor venceu o Booker Prize em 1981 com o seu segundo romance, Midnight’s Children (em português, Os Filhos da Meia Noite), e o Booker of Bookers, atribuído ao melhor romance dos primeiros 25 anos do galardão, em 1993.

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Mas nem só de repetentes se faz a longlist deste ano do Booker. “Há aqui nomes familiares, que escrevem no pico da sua força, há jovens escritores com uma imaginação e ousadia excecionais, há um pensamento político incisivo e perspicaz, paz e emoção. E há uma pluralidade que demonstra uma produção literária em inglês empenhada em ser global”, afirmou Gaby Wood, da Booker Prize Foundation, em comunicado. My Sister, The Serial Killer, o romance de estreia da escritora anglo-nigeriana Oyinkan Braithwaite, Girl, Woman, Other, da britânica Bernardine Evaristo, e Lanny, do também britânico Max Porter, são outras das obras nomeadas.

Apesar das apostas que já se fazem, Peter Florence, presidente do júri deste ano, garantiu que não existem favoritos. “São todos vencedores credíveis. Imaginam o nosso mundo familiar a partir do ciclo de notícias de desastres e ressentimento, com humor, profunda perspicácia e humanidade. Estes escritores oferecem alegria e esperança. Celebram a rica complexidade do inglês enquanto língua global”, disse, acrescentando: “Leiam-nos, leiam-nos todos”, apelou.

A longlist completa é a seguinte:

  1. The Testaments, Margaret Atwood (Canadá). Vintage, Chatto & Windus;
  2. Night Boat to Tangier, Kevin Barry (Irlanda). Canongate Books;
  3. My Sister, The Serial Killer, Oyinkan Braithwaite (Reino Unido/Nigéria). Atlantic Books;
  4. Ducks, Newburyport, Lucy Ellmann (EUA/Reino Unido). Galley Beggar Press;
  5. Girl, Woman, Other, Bernardine Evaristo (Reino Unido). Hamish Hamilton;
  6. The Wall, John Lanchester (Reino Unido). Faber & Faber;
  7. The Man Who Saw Everything, Deborah Levy (Reino Unido). Hamish Hamilton;
  8. Lost Children Archive, Valeria Luiselli (México/Itália). 4th Estate;
  9. An Orchestra of Minorities, Chigozie Obioma (Nigéria). Little Brown;
  10. Lanny, Max Porter (Reino Unido). Faber & Faber;
  11. Quichotte, Salman Rushdie (Reino Unido/Índia). Jonathan Cape;
  12. 10 Minutes 38 Seconds in This Strange World, Elif Shafak (Reino Unido/Turquia). Viking;
  13. Frankissstein, Jeanette Winterson (Reino Unido). Jonathan Cape.

A shortlist de seis finalistas será anunciada a 3 de setembro e o romance vencedor a 14 de outubro, durante a cerimónia no Guildhal, em Londres. O Booker Prize International, criado para incentivar a publicação e leitura de ficção de qualidade traduzida para língua inglesa, foi revelado em maio. O prémio foi atribuído a Celestial Bodies, de Jokha Alharthi, do Sultanato de Omã. Foi a primeira vez que um livro escrito em língua árabe vence o galardão e Alharthi foi a primeira escritora originária do Sultanato de Omã a ser traduzida para inglês.

Com um valor monetário de 55.760 mil euros, o Booker foi criado em 1969 e é atribuído a autores de qualquer nacionalidade que tenham escrito uma obra em língua inglesa publicada no Reino Unido. No ano passado, o galardão foi atribuídoMilkman, de Anna Burns. Burns foi o primeira escritora da Irlanda do Norte a receber o Booker Prize. O romance será editado ainda este ano em Portugal, pela Porto Editora.

Artigo atualizado às 15h13