Duas equipas, um dia, várias diferenças. Durante a qualificação para o Grande Prémio da Alemanha, quase tudo correu bem para a Mercedes – Lewis Hamilton conseguiu a quarta pole position da temporada, Valtteri Bottas alcançou o terceiro melhor tempo apenas atrás do britânico e do Red Bull de Max Verstappen. Em paralelo, tudo correu da pior forma para a Ferrari, com Sebastian Vettel a sair do 20.º e último lugar devido aos problemas no motor e Charles Leclerc também não foi além da décima posição por causa do sistema de combustível que o impediu de participar na última sessão. “Não sei o que aconteceu com os dois Ferraris mas é um resultado muito importante para nós”, admitiu o pentacampeão mundial após a qualificação.

Mercedes festeja 125 anos com ‘pole’ de Hamilton no GP da Alemanha de F1

Na corrida, o cenário começou logo um pouco diferente. Leclerc chegou a rodar na segunda posição no meio da dança das idas às boxes, Vettel foi escalando lugares atrás de lugares. Hamilton, esse, liderava desde o arranque, geria a vantagem de forma muito confortável em alguns momentos e parecia estar a andar para a oitava vitória nas 11 corridas iniciais da temporada que serviria também para celebrar da melhor forma o 125.º aniversário da Mercedes. Depois, e numa volta apenas, tudo mudou por completo. E a chuva que marcou toda a corrida acabou por alterar uma história que parecia escrita.

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Depois de uma saída onde Kimi Raikkönen surpreendeu tudo e todos ao saltar de quinto para terceiro lugar, Max Verstappen conseguiu minimizar o mau arranque e Vettel ganhou sete lugares em três voltas, a saída de pista de Sergio Pérez e respetiva entrada do safety car levou vários pilotos logo aos boxes para troca de pneus, o fator chave numa corrida marcada pelas más condições climatéricas. Mais umas voltas, mais um abandono, desta feita de Daniel Ricciardo com problemas no motor. A pista molhada não dava tréguas, depois era uma questão de controlar melhor ou pior os danos: Charles Leclerc, que a certa altura fez a melhor volta, quase saiu numa curva mas segurou o carro; Max Verstappen, que perdeu tempo mas agarrou a corrida.

Começou então a série de abandonos que marcou este Grande Prémio: primeiro foi Charles Leclerc, que na volta anterior tinha saído um pouco de pista mas depois acabou mesmo por ir parar à gravilha e de lá não sair enquanto gritava “Noooooooooo” na rádio e os adeptos da Ferrari mostravam-se desconsolados nas bancadas; depois foi o próprio Lewis Hamilton, na mesma zona das curvas 16/17 do traçado, a sair e danificar o nariz do seu Mercedes – obrigando-o a passar pelas boxes com a equipa a ser apanhada desprevenida e a perder demasiado tempo, sendo que o britânico seria depois penalizado ainda mais cinco segundos; por fim, o azar bateu à porta de Nico Hulkenberg, o que obrigou à entrada do safety car em pista.

A 18 voltas do final, Max Verstappen estava na frente seguido dos dois Mercedes de Valtteri Bottas e Lewis Hamilton. E arriscou, mesmo numa zona molhada da pista, o que lhe deu alguma vantagem sobre o finlandês enquanto o britânico estava a lutar para segurar o terceiro posto perante os ataques de Alexander Albon e Carlos Sainz. Mais uma paragem nas boxes, mais problemas para Hamilton e luta em aberto com Verstappen na frente, sendo que Lance Stroll chegou por breves momentos a andar na liderança, tornando-se o primeiro canadiano desde Jacques Villeneuve na frente de uma corrida. Mais atrás, Hamilton ainda evitou que os pneus da frente fossem à gravilha mas voltou a ter outra saída de pista que “acabou” de vez com a corrida na curva 1, o mesmo local onde Bottas iria terminar a sua corrida após embater na zona de proteção.

Nas duas últimas voltas, Verstappen conseguiu consolidar o seu primeiro lugar no mesmo traçado onde o pai, Jos Verstappen, tinha sido protagonista de um aparatoso incidente com o carro em chamas numa paragem nas boxes, ao passo que Sebastian Vettel saltou do 20.º para o segundo lugar, numa corrida fabulosa do alemão. Daniil Kvyat (piloto da Toro Rosso que foi pai na véspera do Grande Prémio da Alemanha) fechou o pódio desta corrida de loucos que ainda dará muito que falar por causa da Netflix: depois do sucesso da primeira edição da série “Drive to Survive”, a Mercedes decidiu também abrir portas às filmagens para uma segunda temporada onde mostra alguns pormenores dos bastidores das equipas durante a corrida (tal como a Ferrari) logo na primeira prova da temporada em que Hamilton e Bottas não conseguiram sequer pontuar e onde houve o momento mais complicado em termos de paragens quando o britânico danificou o nariz do seu carro e ficou quase um minuto parado…