O caso de uma mulher grávida que não pôde ser atendida no Hospital Amadora-Sintra por falta de médico anestesista, no passado sábado, não é caso único. A denúncia é feita pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) ao Correio da Manhã (CM), que garante que muitas grávidas recebidas em vários hospitais da grande Lisboa (Santa Maria, São Francisco Xavier, Maternidade Alfredo da Costa, Amadora-Sintra e Cascais) estão a ser encaminhadas para o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, por falta de médicos especialistas nos respetivos centros hospitalares.

A informação foi confirmada ao CM por uma fonte oficial do hospital de Loures, que admite que os encaminhamentos “são recorrentes”.

Foi assim com esta mulher no passado sábado, que não pôde ser atendida no Amadora-Sintra por falta de anestesista, como revelou o jornal Público. O hospital tentou ainda transferir a grávida para o Santa Maria e para a Maternidade Alfredo da Costa, mas estes hospitais também alegaram não ter anestesista disponível. O Correio da Manhã garante esta segunda-feira que a mulher em causa acabou por ser transferida para Loures, como muitas outras.

Hospital Amadora-Sintra sem anestesista para grávida

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O problema está na falta de médicos especialistas durante os meses de verão, como denunciou o jornal Público ainda em junho. A falta de obstetras, pediatras e anestesiologistas na grande Lisboa está a fazer com que os serviços sejam assegurados com menos do que os três especialistas necessários — o que já levou alguns médicos do Serviço Nacional de Saúde a pedirem escusa de responsabilidade por falhas, alegando que não estão asseguradas as condições mínimas de segurança.

Mais de metade dos obstetras do Santa Maria já pediram escusa de responsabilidade por falhas

“Um serviço assegurado por menos do que três especialistas é ridículo. O ministério da Saúde continua a tentar tapar o sol com a peneira e é nesse sentido que o SIM continuará a incentivar todos os médicos que estejam a trabalhar em situações a apresentar aos respetivos conselhos de administração a escusa de responsabilidade”, avançou o secretário-geral do Sindicato Independente, Roque da Cunha, ao CM.

O jornal avança ainda que teve acesso a uma escala de serviço de anestesiologia do hospital Amadora-Sintra e que nela era possível perceber que, no fim-de-semana passado, o serviço de urgência foi assegurado por apenas três médicos em cada um dos dias. No sábado, um desses três, anestesista, terá feito um turno de 24 horas.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) não confirma nem desmente que as grávidas estejam a ser encaminhadas para o hospital Beatriz Ângelo: “As maternidades de Lisboa estão a receber grávidas. Caso haja necessidade de encaminhar utentes, as equipas articulam com o CODU/INEM, no sentido de identificar a unidade que naquele momento tem melhor capacidade de resposta”, limitou-se a afirmar a ARSLVT nas respostas enviadas ao Correio da Manhã.