O Festival de Cinema de Terror de Lisboa MOTELX prepara a 13.ª edição, em setembro, perante um dilema: “Como assustar os espectadores perante todas as alterações climáticas que vão fazendo esse trabalho diariamente?”.

Na programação anunciada esta quarta-feira, a direção do MOTELX deixa aquela pergunta, sublinhando que “o cinema de terror, como espelho das angústias humanas, não pode deixar de refletir” inquietações como as que se relacionam com as alterações climáticas.

“O MOTELX deste ano acontece sob o signo desse fim do mundo iminente e reflete sobre os motivos da incapacidade humana em fazer face ao problema”, lê-se na nota de intenções desta 13.ª edição do festival, que decorrerá de 10 a 15 de setembro.

Da programação fará parte, por exemplo, “Bacurau”, produção brasileira de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, premiado em maio no festival de Cannes e já exibido em julho no festival Curtas Vila do Conde.

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Em entrevista à agência Lusa em Vila do Conde, Kleber Mendonça Filho explicou que “Bacurau” é um filme futurista, mas ao mesmo tempo sobre o passado: “Ou seja, um filme que estaria fazendo uma projeção do que as coisas serão, mas na verdade muitos dos conflitos do filme são problemas crónicos históricos do Brasil e do mundo”.

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Ainda sobre o cinema brasileiro presente no MOTELX, destaque para a “A Sombra do Pai”, de Gabriela Amaral Almeida, “a única autora do novo terror brasileiro”.

O MOTELX abrirá com a estreia de “Ma”, de Tate Taylor e com a atriz Octavia Spencer, e encerrará com “Come to Daddy”, de Ant Timpson e protagonizada por Elijah Wood.

Em Lisboa estará também Jack Taylor, “‘ator-fetiche’ do cinema ‘exploitation’ espanhol dos anos 1960 e 1970”, que trabalhou com Ridley Scott, Milos Forman e Roman Polanski. Será ainda exibido o documentário “Jack Taylor, Testigo del Fantástico”, de Diego López.

Na secção “Quarto Perdido”, o festival dedicará atenções ao cinema português com a presença de dois filmes ‘slasher’, um dos sub-géneros do cinema de terror: “O Construtor de Anjos”, ficção do artista plástico Luís Noronha da Costa, de 1978, e “Rasganço” (2001), de Raquel Freire.

Ainda na produção portuguesa, destaque para a estreia da longa-metragem de terror “Faz-me Companhia”, de Gonçalo Almeida, autor da ‘curta’ “Thursday Night”, premiada em 2017 no festival e exibida no ano seguinte em Sundance (EUA).

Este filme estará em competição pelo Prémio MOTELX — Melhor Longa de Terror Europeia ao lado de “All the Gods in the Sky”, de Quarxx, “Extra Ordinary”, de Mike Ahern e Enda Loughman, “Finale”, de Soren Juul Petersen, “Get In”, de Olivier Abbou, “A Good Woman is Hard to Find”, de Abner Pastoll, “The Hole in the Ground”, de Lee Cronin, e “Why Don’t You Just Die!”, de Kirill Sokolov.

A competição de curtas-metragens este ano contará com dez filmes e o vencedor ficará nomeado para o prémio europeu Méliès d’Or.

Haverá ainda uma sessão de ‘curtas’ portuguesas programada e apresentada pelo realizador João Pedro Rodrigues.

A organização tinha já anunciado anteriormente parte do programa deste ano, nomeadamente a presença do realizador norte-americano Ari Aster, que apresentará “Midsommar – O Ritual” em antestreia. Chegará ao circuito comercial no dia 26, e a celebração dos 40 anos de “Alien – O Oitavo Passageiro”, de Ridley Scott.

Aproveitando o facto de ser a 13.ª edição e de coincidir, pela primeira vez, com uma sexta-feira 13, o festival fará uma sessão especial de “Sexta-feira 13”, um “filme de culto de 1980”, de Sean S. Cunningham.

Será ainda estreado “The Golden Glove”, do realizador alemão Fatih Akin, exibido no festival de Berlim.

Este ano, o MOTELX voltará a programar para os mais novos – na secção “Lobo Mau” – e contará, nos eventos paralelos, com o lançamento do livro de banda desenhada “Profondo Nero”, da série Dylan Dog, com argumento de Dario Argento, e de “As Histórias do Rei Amarelo”, de Robert W. Chambers.

A programação completa do MOTELX disponível aqui