A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) exprimiu esta terça-feira a sua “profunda perplexidade relativamente à notícia respeitante à eliminação da oferta de carne de vaca nas 14 cantinas alimentares da Universidade de Coimbra”.

O reitor da Universidade de Coimbra (UC) anunciou esta terça-feira que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020, por razões ambientais.

Universidade de Coimbra elimina carne de vaca das cantinas

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Em resposta, a CAP afirma, numa nota enviada à agência Lusa, que “a invocada ‘emergência climática’, desígnio que a todos convoca, não deve – não pode – servir de pretexto para a tomada de decisões infundadas, baseadas em alarmismos incompreensíveis”. “Esta decisão, tomada num contexto universitário, espaço de liberdade e de conhecimento, ainda causa maior perplexidade”, critica a confederação do setor agrícola.

A anunciada imposição, que privará alunos, professores e funcionários, de um elemento que faz parte da dieta alimentar portuguesa e mediterrânica, é uma limitação à sua liberdade de escolha e contribui para confundir os portugueses, porque é alarmista e assenta em pressupostos infundados”, disse a CAP.

A CAP afirma que a agricultura, onde se inclui a floresta e a pecuária, é a principal atividade desenvolvida pelo homem que mais contribui para a captura de carbono, vincando que “o esforço de descarbonização faz-se com a agricultura e com os agricultores e não contra a agricultura e contra os agricultores”.

“As pastagens biodiversas fixam mais toneladas de dióxido de carbono (CO2) do que aquelas que são emitidas, ou seja, há um balanço positivo, que será tão mais positivo quanto mais produzirmos em território nacional com o nosso tradicional tipo de produção”, argumenta.

A organização sublinha ainda que “a redução das importações e o desenvolvimento da agricultura e da produção nacional, contribuirá para a captura de carbono e para a diminuição da pegada ecológica, reduzindo, ao mesmo tempo, o saldo da balança comercial”.

“Condenamos a adoção de uma medida deste tipo, que contraria o que devem ser políticas públicas responsáveis e coincidentes com a estratégia nacional de desenvolvimento sustentável e de descarbonização da economia e apelamos a que alunos, professores e funcionários se oponham a esta decisão”, refere.

Segundo o reitor da universidade, Amílcar Falcão, a eliminação do consumo de carne nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020 será o primeiro passo para, até 2030, tornar a UC “a primeira universidade portuguesa neutra em carbono”. “Vivemos um tempo de emergência climática e temos de colocar travão nesta catástrofe ambiental anunciada”, sublinhou, na sua intervenção, perante centenas de alunos.

A carne de vaca será substituída “por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal”. Por ano, cerca de 20 toneladas de carne de vaca são consumidas nas 14 cantinas universitárias da UC.

Entre as diversas medidas que estão a ser tomadas, Amílcar Falcão destacou também uma “política rigorosa contra o desperdício alimentar, promovendo a eficiência na utilização dos alimentos”, e a colocação de ecopontos e contentores para os vários tipos de resíduos nas residências universitárias.