Um novo conjunto de gravuras rupestres foi descoberto no Poço do Caldeirão, junto ao rio Zêzere, na freguesia da Barroca, concelho do Fundão, distrito de Castelo Branco, disse à agência Lusa o diretor do Museu Arqueológico local, Pedro Salvado.
“Estamos a falar de um conjunto de novas gravuras que representam a cabeça de um cavalo, um caprino e figuras geométricas, e que estão enquadradas num complexo gráfico que remonta à pré-história. Aparentemente, são do período do Paleolítico Superior, mas esse estudo terá de ser aprofundado”, apontou Pedro Salvado.
Segundo explicou, estas gravuras foram recentemente identificadas por uma equipa do Museu Arqueológico Municipal José Alves Monteiro, no âmbito de trabalhos de monitorização, e estão na mesma zona onde já se tinham descoberto outras gravuras, em 2003.
O conjunto agora identificado conta com diferentes figuras, sendo que uma dela desperta mais atenção pela conservação da rocha e pela nitidez da imagem, que representa um caprino.
“Também é uma rocha que está muito próxima da linha de água e que confirma a importância que o rio sempre teve nas comunidades, sendo que estamos perante um conjunto de mensagens milenares que confirma a importância daquele sítio fabuloso, que é o Poço do Caldeirão, que continua a comunicar e que está muito longe de estar esgotado do ponto de vista do estudo”, acrescentou.
Depois de identificadas as rochas, o Museu Arqueológico deu a conhecer as imagens a especialistas, designadamente a Primitiva Bueno e Rodrigo de Balbín, catedráticos de pré-história na Universidade de Alcalá (Madrid, Espanha), que, numa primeira abordagem, confirmaram a importância do achado por abrir a porta a “uma sequência completa do Paleolítico Superior” naquela região.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, garantiu que esse trabalho científico será “seguramente” realizado, até no âmbito da recém-criada Rede Nacional de Arte Pré-Histórica, promovida pelo Museu do Côa e da qual o Fundão é membro fundador.
Paulo Fernandes destacou ainda a relevância do achado e lembrou que, após as primeiras descobertas, o município apostou num programa de visitação e da criação de um espaço interpretativo, investimento que pretende agora intensificar de modo a incluir as novas figuras, quer nos programas, quer nos conteúdos do espaço.
“São descobertas muito importantes que consolidam aquilo que é um lugar arqueológico de primeira linha e o que nos torna um ponto incontornável daquilo que são as rotas da arte pré-histórica em Portugal”, apontou.