A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), Helena Roseta, anunciou esta quinta-feira que vai abandonar no final do mês aquele órgão autárquico. “Vou mudar de vida. Vou fazer 72 anos, acho uma boa idade para mudar de vida”, afirmou Helena Roseta.

A arquiteta, de 71 anos, avançou a sua saída da AML num jantar do movimento Cidadãos Por Lisboa, que lançou há 12 anos. “Não sei quantos anos mais vou viver e, portanto, agora têm de ser vividos com muita intensidade estes que me restam”, acrescentou.

“Preciso de tempo para fazer as coisas que quero fazer ainda na vida e na política e isso exige que tome estas decisões”, disse, notando que aproveitará a saída para colaborar com equipas de investigação na área da habitação.

Helena Roseta destacou também que vai se reformar dos cargos políticos, mas não da vida nem da política, e aproveitou o momento para deixar críticas à Câmara de Lisboa, nomeadamente em relação aos processos de participação e em matéria de urbanismo. Questionada sobre o sucessor ao cargo de presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, que ocupa desde 2013, Helena Roseta garantiu que ainda não está definido.

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Helena Roseta saiu do PS, partido que integrava desde 1987, para lançar o movimento Cidadãos Por Lisboa, nas eleições intercalares da autarquia, em 2007. Nesse ano, o Cidadãos por Lisboa elegeu dois vereadores, entre os quais Helena Roseta, que foi novamente eleita em 2009, ano em que o movimento celebrou um acordo com o PS que foi decisivo para a maioria absoluta dos socialistas na câmara lisboeta.

A autarca dirigiu o primeiro programa local de habitação do país, aprovado em 2010 pela Assembleia Municipal de Lisboa, e foi responsável pelo pelouro da Habitação entre 2009 e 2013.

Em 2011, lançou também o programa BIP/ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária, distinguido em 2013 com um prémio de boas práticas de participação cidadã pelo Observatório Internacional de Democracia.

Em 2013, o movimento Cidadãos Por Lisboa voltou a renovar o acordo com o PS e Helena Roseta foi eleita presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e deputada nas eleições autárquicas de 2013 e de 2017. Helena Roseta desenvolveu também trabalho em matéria de habitação no parlamento.

Eleita deputada à Assembleia da República nas eleições de 2015, como independente nas listas do PS, Helena Roseta propôs no parlamento, em 2016, a criação do grupo de trabalho da Habitação, Reabilitação Urbana e Políticas de Cidade, tendo sido coordenadora do mesmo até 2018. Nesse ano apresentou, com o apoio do grupo parlamentar do PS, o primeiro projeto de lei de bases da habitação em Portugal, em vigor desde 01 de outubro.

Demitiu-se da coordenação do grupo de trabalho em novembro do ano passado por discordância política com o PS na condução dos trabalhos do pacote legislativo da habitação e deixou de constar nas listas do PS para as legislativas do passado dia 06 de outubro por opção própria.

Nos anos 60 foi dirigente estudantil e em 1973 foi detida pela PIDE numa altura em que era secretária-geral do antigo Sindicato Nacional dos Arquitetos e apresentou uma tese com o tema da habitação. Em 1975 foi eleita deputada constituinte para o parlamento, tendo também integrado as listas do PSD até 1982 e, a partir de 1987, as listas do PS. Helena Roseta foi também presidente da Ordem dos Arquitetos entre 2001 e 2007.