O Grupo José de Mello vai lançar um processo de venda do capital da maior concessionária de autoestradas, a Brisa. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios que cita fonte oficial do grupo. O processo de venda inclui as participações dos dois maiores acionista da Brisa, a José de Mello e o fundo de investimentos Arcus que serão vendidas em dois blocos com 40% dos direitos de voto cada, acrescentou fonte oficial do grupo ao Observador.
Os dois principais acionistas controlam 80% da Brisa depois de terem lançado uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a empresa em 2012, retirando-a da bolsa.
A mesma fonte adianta que a José de Mello pretende manter uma participação minoritária na Brisa da ordem dos 20% numa operação que poderá estar concluída até meados do próximo ano. O negócio terá de passar várias autorizações, nomeadamente do Estado que é o concedente das autoestradas exploradas pela Brisa. Para além da principal concessão, que termina em 2035, a Brisa controla ainda a Via Verde, a Autoestradas do Atlântico que exploram a A8, e as concessões Baixo Tejo, Litoral Oeste, Brisal e Douro Litoral. A Douro Litoral foi alvo de disputa judicial com credores internacionais que compraram a dívida que estava em incumprimento.
Entre os objetivos desta operação está o reforço e expansão para novos negócios, mas também a redução do endividamento do grupo José de Mello. Seguno os indicadores revelados para o ano de 2018, o passivo financeiro do grupo ultrapassava os quatro mil milhões de euros.
Para além das autoestradas, setor onde esteve presente desde o arranque da privatização da Brisa nos anos de 1990, a José de Mello tem interesses na área da saúde, a José de Mello Saude dona da CUF, e no setor químico, entre outros. Há ainda intenção de manter um pé nas autoestradas através de parcerias.
Os dois maiores acionista da Brisa já tinham vendido 30% da concessão principal, a Brisa Concessão Rodoviária em 2015 a um grupo de investidores brasileiros. Este negócio valorizou a empresa em mais de 2,5 mil milhões de euros.
A colocação junto de novos investidores, que deverão ter um perfil institucional e financeiro, será liderada da parte da Brisa pelo banco de investimento Rothschild e pela Caixa Banco de Investimento. O grupo Caixa tem sido um financiador muito importante do Grupo José de Mello. O Fundo Arcus, que tem sido parceiro do grupo Mello na Brisa, já tinha sinalizado a sua intenção de vender uma parte do capital da concessionária.