O programa ‘Includ-Ed’, para combate ao abandono e insucesso escolares através de práticas pedagógicas inovadoras que envolvem a comunidade, chega este ano a 50 agrupamentos de escolas do país, foi esta quarta-feira anunciado no Bombarral.

Na apresentação do programa na Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, no Bombarral, no distrito de Leiria, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, afirmou que o programa “é uma grande oportunidade para Portugal”.

Segundo o governante, na “década passada a taxa de abandono escolar foi de 40%” por “haver um sistema educativo que não responde a todos os que frequentam a escolaridade obrigatória”.

No ano letivo de 2018/2019, o abandono escolar cifrou-se nos 10,8% e, segundo o ministro, o objetivo é atingir os 10% em 2020.

Tiago Brandão Rodrigues reconheceu que “continua a haver enormes desigualdades sociais” no país, motivo pelo qual é importante “implementar abordagens educativas distintas, envolvendo a comunidade”, para se atingir essa meta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Na prática pedagógica, podemos encontrar formas de inovação para mitigar o insucesso escolar e é o que temos neste projeto”, frisou, adiantando que os chumbos no ensino básico atingem 50 mil alunos e outros 50 mil no ensino secundário.

O programa ‘Includ-Ed’, financiado pela Comissão Europeia, parte de teorias científicas e do acompanhamento de especialistas da Universidade de Barcelona para chegar aos alunos nas escolas.

Mudando práticas pedagógicas dentro da sala de aula e envolvendo a comunidade, o projeto já alcançou resultados positivos em países da Europa e América do Sul onde já foi implementado, demonstrou a coordenadora do programa Maria Vieites Casado.

O programa assenta na criação de grupos interativos dentro da sala de aula, explorando as diferentes capacidades de aprendizagem dos alunos com o intuito de fomentar a entreajuda.

Desdobra-se ainda na realização de tertúlias, em que o professor promove o debate entre os alunos sobre obras clássicas da literatura ou de outras artes, na participação da comunidade, até dentro da sala de aula, na formação de professores e familiares dos alunos e na existência de um modelo de prevenção e de resolução de conflitos.

O projeto arrancou há dois anos, a título experimental, em 10 agrupamentos de escolas do país, onde se registaram melhorias no aproveitamento escolar, reduzindo as taxas de abandono e insucesso, disse à agência Lusa a subdiretora-geral de Educação, Maria João Horta.

Neste ano letivo, é alargado a mais 50 agrupamentos, escolhidos do grupo das escolas incluídas nos territórios de intervenção prioritária, onde a maioria dos alunos é proveniente de contextos socioeconómicos vulneráveis e existe maiores dificuldades em combater as taxas de abandono e as desigualdades por parte da escola.

O programa demonstra que também os alunos oriundos de grupos desfavorecidos, de famílias com baixos níveis de escolaridade, filhos de imigrantes ou com língua materna diferente podem ter bom desempenho escolar havendo um maior envolvimento familiar na escola.