A Cabify, plataforma de transporte de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE), vai deixar de operar em Portugal a partir do final da próxima semana, confirmou o Observador junto da empresa, que referiu que a saída do mercado português faz parte de uma “decisão estratégica da Cabify”.

“A Cabify anuncia que 30 de novembro será o último dia da sua operação nas cidades de Lisboa e do Porto”, indicou a empresa espanhola em comunicado, acrescentando que a decisão surgiu “como resultado de um constante processo de análise das cidades” em que opera. “Tomámos a decisão estratégica de deixar de ter o nosso serviço operativo em Lisboa e Porto”, informou na nota enviada.

A Cabify procede constantemente à análise e avaliação dos mercados com o objetivo de criar um forte impacto positivo nas cidades onde estamos presentes, tendo em vista um modelo de negócio com rentabilidade económica”, justifica a fonte da empresa.

A mesma fonte da Cabify diz ainda que a empresa tem, atualmente, 10 mil motoristas inscritos na plataforma. Quanto a possíveis compensações por largar o seviço, a resposta foi: “Com o crescimento do mercado em Lisboa e Porto deixou de existir obrigatoriedade de colaboração exclusiva dos motoristas com a Cabify, pelo que desde 2018 que estes têm a liberdade de prestar os seus serviços”.

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Assumimos, desde sempre, um firme compromisso em criar um forte impacto positivo nas cidades onde estamos presentes, tendo em vista um modelo de negócio com rentabilidade económica”, sublinhou a Cabify em comunicado.

A empresa assegura que “não deixará de estar atenta às necessidades futuras destes mercados no que concerne à multimodalidade dos transportes urbanos”. Apesar de garantir que os clientes e motoristas “foram devidamente informados” da decisão — “bem como as razões que a motivaram” –, a Cabify ainda não avançou se haverá algum tipo de compensação para quem trabalha com este serviço.

Aos clientes de empresas, a empresa justifica esta saída por não ter “encontrado a melhor maneira” para continuar a operar em Lisboa e no Porto, as únicas cidades portuguesas que ainda tinham o seu serviço.

Em setembro já eram conhecidas as dificuldades da plataforma em encontrar motoristas disponíveis em Lisboa. O Eco avançava que já não existia equipa em Portugal. Daniel Bedoya, responsável pelo mercado europeu da Cabify, explicou em outubro ao Observador que a mudança aconteceu numa operação integrada que “correu a nível global já há alguns meses”.

As dificuldades da Cabify em Portugal: “Descontos super agressivos não fidelizam utilizadores”

Um dos aspetos que o responsável da Cabify assumia ter influenciado o negócio em Portugal foi o facto de, nos últimos dois anos, “o que era um mercado de um ou dois players tornou-se num mercado de cinco a seis”. Sem revelar números, Daniel Bedoya disse que o unicórnio espanhol (a Cabify está avaliada em 1,4 mil milhões de dólares) já tem lucro em alguns mercados, mas não a nível global. Contudo, deixou uma mensagem: “Em pouco tempo, a empresa será financeiramente independente”.

O regime de exclusividade dos motoristas da Cabify (ou seja, apenas podiam conduzir ao serviço daquela empresa) era uma das características desta empresa. No entanto, e por causa da competição, a plataforma eliminou este regime.

A Cabify foi fundada em 2011, em Espanha, e está atualmente em 90 cidades na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai. A plataforma foi a primeira concorrente da Uber em Portugal, depois de ter começado a operar em maio de 2016.