A Direção-Geral de Saúde (DGS) desaconselhou formalmente a utilização de cigarros eletrónicos em resposta aos surtos de doenças pulmonares registados nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Em comunicado enviado às redações, a DGS recorda que “não existem cigarros eletrónicos nem produtos de tabaco seguros, nomeadamente tabaco aquecido”.

O documento sublinha que “os cigarros eletrónicos, com ou sem nicotina, nunca devem ser usados”: “Os adultos que usam cigarros eletrónicos para deixar de fumar não devem voltar a fumar”.

No início de novembro, porém, a DGS afirmou ao Observador que “o conhecimento científico atualmente existente não permite responder com clareza e rigor” se é mais nocivo para a saúde fumar cigarros tradicionais ou eletrónicos. “Não é possível garantir que os cigarros eletrónicos constituem uma alternativa aos cigarros convencionais com menos riscos para a saúde”, respondeu ao Observador.

Nessa altura, DGS já afirmava ao Observador que “os cigarros eletrónicos podem provocar intoxicações pela nicotina, que podem conduzir à morte, por manuseamento indevido dos líquidos, ou até pela sua ingestão, situação não observada no tabaco convencional”: “A curto prazo alguns consumidores referem ardor de garganta, náuseas e vómitos. Alguns estudos parecem relacionar o consumo de cigarros eletrónicos com processos inflamatórios a nível do pulmão e alguns tipos de pneumonia”, descreveu.

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A pouca informação sobre estes produtos devia-se ao facto de “estarem no mercado há relativamente pouco tempo”, justificou a DGS ao Observador. Isso mesmo é apontado no comunicado enviado esta quinta-feira, mas, “embora a investigação destes casos não esteja ainda concluída, o acetato de vitamina E, o canabidiol e outros derivados de canábis e o diacetil parecem ser substâncias associadas a estas lesões pulmonares”. É por isso que “a DGS e o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) desaconselham o uso de cigarros eletrónicos”, conclui a instituição.

Ao Observador, a DGS afirma que “não teve até agora conhecimento de casos [de pessoas doentes após fumarem cigarros eletrónicos] em Portugal”. “Dispomos de uma Unidade de Emergências em Saúde Pública que recebe notificações sempre que surgem situações de alerta. Esta unidade está a acompanhar a informação sobre o recente surto de doença pulmonar, aparentemente, associada ao uso de cigarros eletrónicos, registado nos EUA. Até à data não foram identificados casos em Portugal semelhantes aos registados nos EUA”, afirmou por e-mail.

No entanto, a instituição diz-se “vigilante” desde que “foram identificados” nos Estados Unidos “2.290 casos de doença pulmonar grave, incluindo 47 óbitos, associados ao uso de cigarros eletrónicos ou vaping“. Casos semelhantes estão atualmente em investigação no Canadá, nas Filipinas, na Bélgica e na Suécia. Em todos os relatos, os pacientes queixam-se de tosse, falta de ar, dor no peito, febre, calafrios, náuseas, vómitos, dor abdominal ou diarreia. É a esses sintomas que os portugueses devem estar atentos, avisa a DGS.