Chama-se Donald Gosling e morreu em setembro, aos 90 anos. Só agora, no entanto, foi conhecida uma das suas disposições: 50 milhões de libras da sua fortuna pessoal deverão ser legados à Família Real Britânica, com um objetivo na mira. Vice Almirante e amigo pessoal do clã, Gosling deseja que o famoso Iate Real Britannia, ao serviço de sua majestade entre 1954 e 1997, possa ser reativado.
Fundador da National Car Parks, a maior empresa do Reino Unido a operar na área dos parques de estacionamento privados, Gosling foi lembrado no serviço religioso realizado esta quarta-feira na abadia de Westminster, que contou com a presença de Carlos, o príncipe de Gales, da duquesa da Cornualha, do Duque de Edimburgo, e ainda dos condes de Wessex e do príncipe Michael de Kent, uma série de nomes outrora ligados à Marinha Real, à qual também Donald esteve vinculado ao longo dos anos.
Em 2012, aliás, recebeu da monarca Isabel II o título de Vice Almirante em pleno castelo de Windsor. Nesse mesmo ano, emprestou o seu próprio iate, o Leander, à rainha, usado no périplo que assinalou o Jubileu de Diamante. De resto, os generosos donativos estão longe de ser uma novidade. Ao longo da sua vida, Sir Donald Gosling cedeu mais de 100 milhões de libras a instituições de solidariedade, muitas delas ligadas ao universo da Marinha. Em 1994 tentara inclusivamente angariar 60 milhões destinados em exclusivo à substituição do Britannia.
Atualmente, o velho Britannia permanece adormecido numa doca em Edimburgo, na Escócia, servindo como atração turística. Todos os relógios a bordo apontam para as 15h01, a hora a que Isabel II saiu da embarcação pela última vez.
Foi no final dos anos 90, sob a liderança de Tony Blair, e dos cortes impostos pelo seu governo, que o Royal Yacht, lançado por Jorge VI, pai de Isabel II, poucos dias antes de morrer, em 1952, conheceu as suas derradeiras aventuras. Serviu a família real durante 44 anos, em boa parte dos quais destacando-se em várias viagens. O barco acolheu algumas da mais relevantes figuras da segunda metade do século XX, incluindo Ronald Reagen e Winston Churchill.
A família também usava o Britannia na sua tradicional passagem pela Escócia durante a temporada de verão. Para a história passou o batalhão de amas a bordo, recrutadas para vigiar os passos do então pequeno príncipe Carlos e evitar uma queda ao mar.