Um dos mergulhadores que em julho do ano passado ajudou a tirar de uma gruta do complexo de Tham Luang, na Tailândia, um treinador de futebol e 12 rapazes que ali estiveram presos durante 18 dias (nove dos quais sem comer), morreu devido a uma infeção sanguínea contraída na operação de resgate. A informação foi avançada pela Marinha Tailandesa, através de um comunicado que está a ser citado por meios como o jornal norte-americano The New York Times e o jornal londrino Evening Standard.

Como os últimos 50 centímetros de uma corda salvaram os rapazes da gruta. Os detalhes de um resgate quase impossível

Beiret Bureerak, que o Evening Standard chama de “herói mergulhador”, estava ainda a receber tratamentos para curar a infeção contraída na operação de resgate, em julho de 2018, mas a sua condição “piorou” recentemente, segundo informou a Marinha tailandesa. É o segundo mergulhador que participou no resgate a morrer, depois de um sargento chamado Saman Kunan ter morrido durante a operação.

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As expectativas quanto ao sucesso das operações de resgate do treinador e 12 jogadores da academia de futebol jovem Wild Boar (que tinham entre 11 e 16 anos) eram à época diminutas, devido aos intrincados túneis existentes no complexo de grutas de Tham Luang. Os 12 rapazes tiveram mesmo de ser sedados para poderem ser retirados do local, depois de terem sobrevivido — juntamente com o seu treinador — durante nove dias apenas com recurso à água que pingava das rochas.

As 13 pessoas resgatadas tinham-se deslocado numa expedição exploratória de equipa às grutas de Tham Luang, na cidade de Mae Sai, província de Chiang Rai, quando ficaram presas devido a uma inundação (provocada por cheias) nas grutas que os reteve no subsolo.

No início deste ano, o Observador falou com um dos mergulhadores que participaram no resgate do treinador e dos 12 rapazes que estiveram presos nas grutas de Tham Luang. Mikko Paasi revelou que um mês antes, em dezembro do ano passado, tinha estado vez com os rapazes que ajudou a salvar: “Pela primeira vez, estive com eles com poucas pessoas à volta e pudemos conversar com mais calma. Aqueceu-me o coração. Vi-os magros, sedados, quando os tirámos daquele sítio. Ver como voltaram a ganhar peso, como estão de regresso à escola, como voltaram a jogar futebol… Não tenho palavras.”

“Saí daquela gruta com muito mais esperança na espécie humana.” Seis meses depois, o que é feito dos heróis do resgate na Tailândia?

Em julho, um outro mergulhador envolvido no resgate, Fernando Raigal, contava também ao Observador: “Nunca fiz mergulho de gruta, nunca estive numa operação de salvamento destas. Normalmente o meu trabalho envolve construção, inspeções na indústria do petróleo e do gás, mas podemos aplicar algum do meu conhecimento numa situação destas, como mergulhar em água escura…”, afirmou.