Não é muito normal mas também acontece e ainda na semana passada houve um caso semelhante em Espanha: o Sporting Gijón pediu à Liga do adiamento do encontro em Saragoça por ter um total de 16 jogadores com gripe, o plantel ainda viajou em dois autocarros diferentes separando quem estava doente e não estava e o jogo da Segunda Liga acabou por realizar-se apenas quatro dias depois do previsto, a 7 de janeiro. A decisão, essa, pertenceu à Liga. E foi esse cenário que se levantou em relação ao V. Setúbal-Sporting que se vai mesmo jogar no sábado.
Vitória de Setúbal pondera adiar jogo com Sporting porque 80% do plantel está com gripe
Esta quarta-feira, os sadinos tinham cancelado o treino por terem cerca de 75% do plantel limitado com um vírus que provocava febres, vómitos e diarreia à maioria dos jogadores. Hoje, o cenário não só não ficou mais aliviado como houve mais quatro atletas a apresentarem as mesma queixas, o que levou mais uma vez o treinador espanhol Júlio Velázquez a anular o treino e o próprio clube a tomar outras medidas preventivas, nomeadamente a esterilização de todas as zonas comuns do futebol profissional, nomeadamente o balneário da equipa profissional. Ao todo, e conforme foi confirmado à Rádio Observador por fonte oficial do clube, só Valido e Guedes conseguiram fugir ao surto gripal que dividiu os restantes jogadores entre um período de quarentena e a ida às urgências.
Nesse sentido, o V. Setúbal avançou com um pedido formal à Liga de Clubes para que a partida deste sábado, a partir das 20h30, fosse adiada até à recuperação pelo menos da maioria do plantel. Da parte do Sporting, fonte oficial comentou logo de manhã com o Observador que a decisão final deveria ser do órgão que tutela o futebol profissional, na medida em que, face ao calendário apertado dos leões, não haveria grande margem de manobra.
À Radio Renascença, Vítor Hugo Valente, presidente dos sadinos, lamentou a nega dada pelo leões numa primeira tentativa de adiamento. “O Sporting referiu-nos por email que verifica indisponibilidade pelas competições em que está inserido, a Taça da Liga e a Liga Europa. Nós já comunicamos que há datas que não interferem com essas competições, nem com a Liga. Há intervalos, o mais evidente é aquele em que se disputam as meias-finais da Taça de Portugal e nem o Sporting nem nós estamos inseridos. O presidente do Sporting é nosso amigo, é um clube amigo e é médico, tem especial sensibilidade para este tipo de situações. Sugerimos datas que não interferem com nenhuma das competições em que o Sporting está inserido. Aguardamos pela Liga, já comunicámos ao Sindicato e às instâncias. Jogar sem jogadores é contra o futebol”, argumentou.
Entretanto, o Sporting reiterou em comunicado a disponibilidade de jogar no sábado, lamentando em cinco pontos a onda de ausências dos sadinos mas recordando o calendário apertado que tem nas próximas semanas.
1 – O Sporting Clube de Portugal lamenta os casos clínicos que afetam o plantel do Vitória Futebol Clube.
2 – Os calendários de competições estão sobrecarregados e inviabilizam que o Sporting CP possa anuir ao pedido de adiamento da próxima jornada feito pelo Vitória Futebol Clube.
3 – A data indicada pelo Vitória Futebol Clube como alternativa surge num momento em que o Sporting Clube de Portugal vem de um jogo em Braga, depois de receber o Sport Lisboa e Benfica, jogar a Final Four da Allianz Cup em Braga e receber o CS Marítimo (jogo que está dependente da prestação na Allianz Cup e poderá obrigar a nova marcação). Posteriormente à data proposta, existe a receção ao Portimonense SC, seguida de uma deslocação ao terreno do Rio Ave FC. A semana seguinte será de competições europeias.
4 – Atendendo à planificação feita e à importância da continuidade de bons desempenhos das equipas Portuguesas nas provas da UEFA, com manifestos benefícios para o futebol português, o Sporting Clube de Portugal não pode correr o risco de chegar a esses momentos com os seus jogadores competitivamente sobrecarregados e com riscos acrescidos de lesões.
5 – Devido à experiência do Sporting Clube de Portugal em casos similares, e ainda sem conhecer com profundidade os casos clínicos noticiados, confiamos que até à hora do apito inicial, muitos dos casos dos jogadores do plantel do Vitória Futebol Clube serão solucionáveis, razão pela qual reiteramos a nossa vontade e disponibilidade para o jogo marcado para o próximo sábado.
É que, caso existisse mesmo um adiamento do encontro, a nova data teria igualmente de ser alvo de discussão entre os clubes, na medida em que, caso se consiga apurar para a final da Taça da Liga, os leões estarão a jogar ao fim de semana e a meio da semana até à primeira semana de fevereiro, tendo os seguintes compromissos: Benfica (Liga, casa, dia 17), Sp. Braga (meias da Taça da Liga, neutro, dia 21), final da Taça da Liga (neutro, dia 25), Marítimo (Liga, casa, dia 29), Sp. Braga (Liga, fora, dia 2) e Portimonense (Liga, casa, dia 9). Acrescente-se ainda que o Sporting anunciou esta quinta-feira a venda de bilhetes para o encontro no Estádio do Bonfim, com um preço unitário de dez euros mediante critérios internos, sinal de que, não havendo indicações da Liga de Clubes no sentido de adiar o jogo, iria continuar a fazer tudo como se jogasse no sábado.
“A Liga Portugal informa que recebeu o pedido de adiamento, remetido pelo Vitória FC, do jogo desta equipa com o Sporting CP, a contar para a jornada 16 da Liga NOS, por surto gripal no seu plantel. O Sporting CP fez chegar à Liga Portugal a sua oposição ao adiamento. Tendo a Liga Portugal diligenciado junto dos dois clubes com vista à solução da questão e verificando que estes não chegam a um consenso, o adiamento não está em condições de ser determinado”, esclareceu a Liga que, mediante o posicionamento dos leões, ficou sem “alternativa”. Ainda assim, os sadinos continuam a todo o custo tentar convencer os responsáveis verde e brancos para que alterem a sua posição, até no seguimento das explicações do médico do clube, Ricardo Lopes, em conferência.
“A maioria dos jogadores não apresenta condições a curto prazo para poderem ser expostos a situação de jogo. O vírus é atípico e tem uma virulência alta em que a possibilidade de contágio é alta. Os atletas que não apresentam sintomas não significa que não estejam infetados, podendo estar num período inicial de incubação do vírus. O período habitual de recuperação neste tipo de sintomas são sete dias. Em termos médicos, a possibilidade de haver uma recuperação a curto prazo é baixa. Os índices físicos demorarão mais. Os jogadores estão isolados uns dos outros para não haver risco de transmissão. Estão medicados e em medidas de suporte sintomático”, disse esta tarde numa conferência de imprensa onde o técnico espanhol Júlio Vélazquez considerou também que “o Sporting não quererá jogar contra uma equipa morta”, como descreveu.