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Bruno Lage, o Tinder que olhou para dois solitários e decidiu fazer match (a crónica do Benfica-Rio Ave)

Este artigo tem mais de 4 anos

Vinícius passou uma hora de jogo pouco apoiado, Seferovic estava no banco. Bruno Lage juntou-os, o suíço bisou e deu a volta ao jogo: o Benfica eliminou o Rio Ave e está nas meias-finais da Taça.

Vinícius terminou o jogo com duas assistências
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Vinícius terminou o jogo com duas assistências

LUSA

Vinícius terminou o jogo com duas assistências

LUSA

Existe uma frase, comum a todos os treinadores de futebol, que serve para afastar perguntas mais incómodas de jornalistas e adiar respostas para os dias seguintes: “Neste momento, só pensamos no próximo jogo”. A ideia, normalmente veiculada em conferências de imprensa de análise a uma partida que acabou de terminar ou em conferências de imprensa de antevisão a uma partida marcada para o dia seguinte, é útil para saltar questões sobre um eventual dérbi, um eventual clássico ou um eventual jogo mais ardiloso.

Esta semana, e como já vem sendo regra, Bruno Lage fugiu ao politicamente correto para recordar que depois da receção desta terça-feira ao Rio Ave, a contar para os quartos de final da Taça de Portugal, o Benfica terá de visitar o Sporting já na sexta-feira para a Liga. Algo que, para o treinador encarnado, “dá que pensar”. “Todos queremos ter um intervalo ideal entre competições e colocar a Taça de Portugal, havendo sempre a possibilidade de um prolongamento, a menos de 72 horas de um dérbi, faz-me refletir. Não é só pelo Benfica, mas em qualquer situação (…) Não digo isto com sentido crítico mas sim como reflexão, até porque estamos habituados a isto”, disse o técnico encarnado na antevisão, abrindo espaço, à partida, a algumas poupanças no onze.

Ficha de jogo

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Benfica-Rio Ave, 3-2

Quartos de final da Taça de Portugal

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Benfica: Zlobin, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro (Seferovic, 61′), Grimaldo, Weigl, Taarabt, Pizzi, Cervi (Rafa, 89′), Chiquinho, Vinícius (Samaris, 85′)

Suplentes não utilizados: Svilar, André Almeida, Florentino, Jota

Treinador: Bruno Lage

Rio Ave: Paulo Vítor, Diogo Figueiras, Borevkovic, Aderllan, Matheus Reis (Pedro Amaral, 90′), Tarantini, Felipe Augusto, Piazon, Diego Lopes (Bruno Moreira, 76′), Nuno Santos (Gabrielzinho, 70′), Mehdi Taremi

Suplentes não utilizados: Kieszek, Nélson Monte, Joca, Messias

Treinador: Carlos Carvalhal

Golos: Piazon (4′), Cervi (13′), Taremi (30′), Seferovic (64′ e 71′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rúben Dias (3′), a Felipe Augusto (21′), a Diego Lopes (51′)

Ainda assim, e depois de um jogo difícil com o Desp. Aves na semana passada, em que o Benfica só conseguiu carimbar a vitória já em cima dos 90′, o embate com o Rio Ave de um bem conhecido Carlos Carvalhal deixava Bruno Lage de pé atrás face aos quartos de final da Taça de Portugal. Sem Gedson Fernandes, que está já em Londres e vai ser reforço de Mourinho no Tottenham, e também sem Gabriel, que está lesionado, o treinador encarnado voltava a dar a titularidade ao recém-chegado Weigl e fazia Taarabt regressar ao onze. Além da habitual troca de guarda-redes, com Zlobin a ocupar o lugar de Vlachodimos, também Tomás Tavares rendia André Almeida na direita da defesa e Carlos Vinícius voltava a ser o elemento mais adiantado da equipa, depois de Seferovic ter sido titular contra o Desp. Aves. A melhor notícia, apesar de tudo, acabava mesmo por ser o regresso de Rafa aos convocados — a três dias, novamente, do dérbi com o Sporting em Alvalade.

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A entrar em campo já a saber que o FC Porto tinha eliminado o Varzim no Dragão e carimbado o passaporte para as meias-finais, o Benfica enfrentava um Rio Ave que tem vivido dias poucos serenos — desde o pedido de demissão de Carlos Carvalhal que a Direção vilacondense não aceitou ao interesse dos brasileiros do RB Bragantino no treinador português. Se era verdade que o Rio Ave viajava até à Luz para tentar engrossar uma temporada que conta com um dos melhores plantéis dos últimos anos, também era verdade que este poderia ser o último jogo de Carlos Carvalhal ao comando da equipa.

Sem grandes novidades ao nível do sistema tático, com Weigl e Taarabt a fazer dupla no meio-campo, o Benfica começou o jogo praticamente a perder: depois de uma falta de Rúben Dias sobre Taremi à entrada da grande área, o brasileiro Piazon bateu o livre direto com o pé direito e abriu o marcador, com Zlobin a não ter grande hipótese de chegar à bola (3′). O golo do jogador emprestado pelo Chelsea ao Rio Ave gelou a Luz mas os encarnados desenharam desde logo uma reação, ao subir as linhas e com Pizzi a explorar o jogo interior, deixando o corredor livre para um inspirado Tomás Tavares. Chiquinho fez o primeiro remate do Benfica (8′), para uma boa defesa de Paulo Vítor, mas o Rio Ave continuava a conseguir aparecer com relativa facilidade nas costas da defesa encarnada.

Weigl, ainda pouco entrosado com o resto da equipa, ficava muito preso aos dois centrais e raramente pressionava o dono da bola da equipa adversária — que ganhava espaço e tempo se Taarabt estivesse fora de posição. Ao atacar normalmente pela ala direita, obrigando Grimaldo a muito trabalho, a equipa de Carlos Carvalhal conseguia normalmente cruzar para a grande área ou para a zona da meia-lua. E era Tomás Tavares, um dos melhores elementos do Benfica na primeira parte, que acabava por ser decisivo ao fechar linhas na faixa central.

Os encarnados conseguiram chegar ao empate por intermédio de Cervi e numa altura em que continuavam a tentar empurrar o Rio Ave para a própria baliza. Depois de Chiquinho, um dos mais inconformados no ataque do Benfica, tentar e falhar uma investida individual, a bola sobrou para Carlos Vinícius: o avançado assistiu então Cervi, que apareceu na grande área tombado na direita e rematou para o golo encarnado (13′). O jogo perdeu algumas características depois do golo do jogador argentino — sem nunca perder ritmo ou intensidade. Muito bem disputado, entre duas das melhores equipas portuguesas nesta altura, o encontro manteve-se vivo e interessante até à meia-hora, momento capital na história da primeira parte.

Na grande área do Rio Ave, Chiquinho caiu depois de um lance com Felipe Augusto. Os jogadores encarnados, assim como os adeptos nas bancadas da Luz, ficaram a pedir grande penalidade e demoraram na transição defensiva; o Rio Ave reagiu rápido, Matheus Reis lançou Taremi nas costas dos centrais com um passe longo e o avançado iraniano, à saída de Zlobin, cabeceou por cima do guarda-redes russo e repôs a vantagem vilacondense (30′). Artur Soares Dias consultou o VAR, tanto sobre o lance na grande área do Rio Ave como sobre a posição de Taremi na altura do passe, e validou o golo da equipa de Carlos Carvalhal.

Até ao intervalo, Cervi ainda ficou perto de bisar (37′) mas o Benfica terminou mesmo a primeira parte em desvantagem — já depois de Artur Soares Dias voltar a pedir a ajuda do VAR, desta feita depois de assinalar penálti de Felipe Augusto sobre Taarabt, decisão que acabou por reverter. À entrada para a segunda parte, Bruno Lage não fazia alterações (ainda que Seferovic e Rafa tenham passado os últimos instantes do primeiro tempo a aquecer) mas tinha, com toda a certeza, um dado estatístico em mente: só o Rio Ave, nas últimas duas temporadas, tinha marcado duas vezes ao Benfica na Luz durante a primeira parte nas provas internas.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Rio Ave:]

O Rio Ave recuou as linhas e tornou a equipa mais compacta, defendendo compreensivelmente a vantagem conquistada na primeira parte — e que, nesta altura, valia o passaporte para as meias-finais da Taça de Portugal. O Benfica ia aproveitando para subir no terreno mas raramente conseguia criar verdadeiras situações de perigo junto da baliza de Paulo Vítor, não só porque os vilacondenses fizeram o trabalho de casa e defendiam bem as investidas encarnadas mas também porque Pizzi, o motor da equipa, estava esta terça-feira algo desinspirado e a falhar consecutivamente na definição e no critério.

A ser algo displicente, novamente, na hora de pressionar o portador da bola, o Benfica acabava por permitir longos períodos de tempo em que o Rio Ave conseguia segurar a posse e manter o jogo afastado da própria baliza. Weigl, tal como já tinha acontecido na primeira parte, continuava muito próximo da defesa e nada embrenhado no movimento ofensivo da equipa, deixando Taarabt sozinho na hora de fazer a ligação entre a defesa e o ataque. Ao passar da hora de jogo, Bruno Lage optou por colocar o jogador alemão definitivamente na linha mais recuada e abrir espaço para mais um lugar na zona adiantada.

Saiu Ferro, com Weigl a passar para o lado de Rúben Dias no eixo defensivo, e entrou Seferovic, que foi de imediato para o lado de Carlos Vinícius para formar uma dupla atacante. E o avançado suíço só precisou de uma oportunidade para fazer golo, respondendo às críticas que dizem desde o início da temporada que perdeu a eficácia da época passada: Rúben Dias cruzou a partir da direita, Vinícius amorteceu de cabeça para Seferovic e o avançado cabeceou certeiro para empatar o jogo e relançar a eliminatória (64′). Carlos Carvalhal reagiu com a entrada de Gabrielzinho mas o avançado nem sequer conseguiu tocar na bola antes de Seferovic, assistido por um Pizzi já em esforço, rematar de primeira, bisar, marcar dois golos num jogo pela primeira vez esta temporada e garantir praticamente sozinho a reviravolta na partida (71′).

Até ao final, o Rio Ave subiu as linhas mas não conseguiu criar verdadeiras oportunidades, enquanto que o Benfica recuou mas ainda podia ter chegado ao quarto golo, com um remate de Chiquinho que esbarrou na trave de Paulo Vítor. Num jogo em que Cervi e Tomás Tavares voltaram a estar em grande plano, Pizzi e Chiquinho estiveram algo abaixo daquilo que lhes é pedido (e Rafa ainda teve tempo para cumprir alguns minutos e voltar à competição) e o Benfica voltou a ter muitas dificuldades para conseguir ultrapassar o adversário, assim como já tinha acontecido com o Desp. Aves. Bruno Lage acabou por conseguir ganhar a partida, eliminar o Rio Ave e chegar às meias-finais com a substituição que fez à hora de jogo e com a parceria formada por Seferovic e Carlos Vinícius. O avançado suíço, que parece algo perdido desde que João Félix saiu para o Atl. Madrid, pode ter encontrado esta terça-feira o amigo do peito que lhe andava a faltar.

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