Hospitais de todo o mundo estão a ser preparados para lidar com um novo grupo de vírus, anunciou esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS), não afastando um cenário de contágio em massa. Depois de ter feito um morto na China, o coronavírus chegou à Tailândia. Em Portugal, a Direção Geral de Saúde garantiu ao Observador estar “em contacto” com as entidades internacionais e “em constante atualização”.

Com o número de casos na China a subir todos os dias, a OMS — que ainda não estabeleceu qualquer comité de emergência, como é habitual nestas situações — está a apostar na prevenção. “Estamos a preparar-nos para a hipótese de contágios em massa, pelo que estão a ser tomadas medidas de prevenção e controlo de infeções para que todos os hospitais do mundo apliquem as precauções habituais”, avançou a diretora interina do departamento de doenças emergentes da OMS em conferência de imprensa.

Maria Van Kerkhove explicou aos jornalistas que o genoma do novo vírus já foi sequenciado por laboratórios chineses: a conclusão imediata é que é da família da SARS, a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que entre 2002 e 2003 fez 648 vítimas mortais na China, incluindo em Hong Kong. Com estes novos dados será possível à comunidade global de saúde diagnosticar possíveis casos fora da China. Aliás, foi isso que já aconteceu na Tailândia, segundo as autoridades locais, com confirmação oficial da OMS.

Uma mulher chinesa, de 61 anos, que viajou desde Wuhan, cidade chinesa onde o vírus terá tido origem num mercado de peixe, chegou à Tailândia já infetada. O caso foi detetada ainda no aeroporto, no seguimento de um alerta do governo para todos os passageiros vindos daquela localidade.

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Contágios entre humanos

Maria Van Kerkhove alertou ainda para a possibilidade de haver contágio entre humanos, embora ainda não haja dados suficientes para confirmar essa suspeita. Quanto aos sintomas, são semelhantes aos de uma constipação, mas podem ser acompanhados de febre, fadiga, tosse e falta de ar. O novo coronavírus, sublinhou, é semelhante a outros que surgiram nos últimos anos, como a SARS ou a síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS).

A experiência com a SARS e a MERS preparou-nos para esta situação, a comunidade global está a tomar medidas preventivas e todos os sistemas estão preparados para serem ativados”, argumentou a dirigente da OMS.

Apesar de haver mais suspeitas, com mais de 700 pessoas a ser vigiadas, estão confirmados oficialmente 41 casos na China, seis dos quais em estado grave. Em contrapartida, sete pacientes tiveram alta. Desde 3 de janeiro que não há registo de novos casos, exceto o da Tailândia.

A primeira vítima mortal do surto que começou em dezembro foi um homem de 61 anos. Segundo a imprensa internacional, o homem era cliente habitual de um mercado de peixe em Wuhan de onde surgiu a maioria dos infetados (comerciantes e consumidores).

Este surto ocorre numa data especialmente preocupante: o ano novo chinês. Entre 25 de janeiro a 18 de fevereiro, período durante o qual decorrem os festejos em 2020, estima-se que grande parte da população chinesa viaje: 440 milhões deverão utilizar os comboios e 79 milhões os aviões.

Alerta da Direção-Geral da Saúde para os viajantes

Com o surto ainda em investigação, a Direção-Geral da Saúde confirma que está a acompanhar a situação e recomenda que os viajantes para aquela região da China adotem as seguintes medidas:

Evitar contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas;

Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes;

Evitar contacto com animais;

Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo)

Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

Se os viajantes para aquela região da China apresentarem sintomas sugestivos de doença respiratória, durante ou após a viagem, a DGS informa que devem procurar atendimento médico.