Paulo Pereira a cumprimentar os jogadores individualmente com abraços, todos a perfilarem com uma bandeira portuguesa na frente para a fotografia, o cântico de hey, hey, hey, hey, hey, hey, hey, hey, muitos sorrisos no final do momento. O jogo com a Bósnia no Europeu de andebol pode ter terminado por volta das 16h30, mais uma hora em Trondheim, mas teve prolongamento por mais duas horas, altura em que o triunfo da Noruega frente à França assegurou a passagem da Seleção Nacional à fase seguinte. Estava carimbado um momento histórico.

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Aquilo que parecia um feito impossível foi-se tornando durante a fase de qualificação um objetivo “apenas” difícil mas o triunfo diante dos gauleses logo a abrir a competição veio dar o alento para que a equipa nacional acreditasse ainda mais que era possível chegar ao terceiro e último encontro da primeira fase com a possibilidade de discutir a liderança do grupo D com a anfitriã Noruega – num jogo que contava mais do que se poderia à primeira vista achar, na medida em que o resultado iria transitar para o grupo a seis na segunda fase. Entre os jogadores, havia um ponto comum: sonhar alto sempre com os pés bem assentes no chão, dos mais gigantes como Alexandre Cavalcanti, Alfredo Quintana ou Daymaro Salina (todos com dois metros ou mais) a Fábio Vidrago ou Belone Moreira (1,80 cada). E também Paulo Pereira alinhava pelo mesmo diapasão no lançamento do jogo em Trondheim contra a equipa anfitriã, deixando uma confidência entre os muitos parabéns recebidos.

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“Sabemos como é o comportamento do nosso Presidente da República e tivemos o privilégio, nós que somos o povo, de receber os parabéns dele. Tem-me ligado sempre a seguir aos jogos para nos felicitar, dizendo estar muito satisfeito com a nossa prestação. Sentimos, a partir disso, que os portugueses estão connosco, perto de nós”, disse na antecâmara do jogo desta terça-feira citado pelo jornal A Bola, antes de especificar as dificuldades que Portugal teria agora pela frente: “Só penso na Noruega mas já estamos a contar jogos das equipas dos dois possíveis grupos com quem nos podemos cruzar na main round. A Noruega é fortíssima mas também temos as nossas opções. Foi pena não ter tido mais tempo para trabalhar o sistema 5:1 alternativa porque sei que têm dificuldades em jogá-lo. É uma equipa de estrelas mas também temos muita qualidade e gente inteligente”.

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O histórico entre Portugal e Noruega em fases finais de Europeus até era equilibrado, com um triunfo por 30-27 para a equipa nacional em 2000 na Croácia que coincidiu com a melhor classificação de sempre (sétimo lugar) e uma derrota na fase de grupos da última presença de Portugal no Euro, na Suíça (37-27). Agora, os escandinavos voltaram a ser superiores, vencendo por 34-28 num encontro onde a má entrada na segunda parte acabou por ser determinante para uma derrota que contará para uma segunda fase muito difícil… mas não impossível.

A entrada no jogo não foi fácil para a Seleção Nacional mas deixou uma espécie de cartão de visita para aquilo que seriam os primeiros 30 minutos: dificuldades no ataque organizado, incapacidade para travar as ações ofensivas rápidas dos escandinavos, a fazerem da velocidade o principal argumento. Apesar de tudo, com algumas defesas de Quintana pelo meio, Portugal ainda esteve na frente por 4-3 aos oito minutos, antes de passar quase dois minutos sem marcar e levar Paulo Pereira a pedir o primeiro desconto de tempo (5-6). Na paragem, como foi audível, o selecionador pedia uma defesa híbrida que conseguisse trazer outras dificuldades ao ataque contrário mas, ao contrário do que aconteceu com França e Bósnia, a paragem não teve efeito imediato.

Aos 16 minutos, a Noruega conseguiu a primeira vantagem de quatro golos no encontro (10-6), atravessando uma fase de quase seis minutos sem marcar antes de recuperar da melhor forma, subir o rendimento defensivo e ter mais oportunidades de ataques rápidos que colocaram o resultado em apenas um golo de diferença antes do 16-14 com que se atingiu o intervalo marcado por Magnus Röd a um segundo do apito final.

Ficava tudo em aberto para a segunda parte mas uma entrada em campo desastrosa, com um parcial de 6-1 nos sete minutos iniciais, fez com que Portugal deixasse descolar em definitivo a Noruega, que somou golos fáceis e teve na baliza um gigante Torbjoern Bergerud que “trancou” o ataque nacional até ao 22-15. Paulo Pereira tentou parar o encontro, promoveu alterações como as entradas de Cavalcanti, Belone Moreira ou Miguel Martins mas, apesar das aproximações a três golos que a Seleção ainda conseguiu, alguns erros ofensivos em momentos chave impediram a possibilidade de discutir ainda o resultado perante a festa do público em Trondheim.

Com este desaire, Portugal vai começar o grupo B da main round com zero pontos como a Suécia, que foi a segunda classificada do grupo F que terminou com a vitória da Eslovénia só com triunfos (e que começa com dois pontos, tal como a Noruega). As últimas duas formações apuradas serão conhecidas esta quarta-feira, com Islândia e Hungria a disputarem a liderança do grupo E e a Dinamarca a defrontar a Rússia à espera de um deslize magiar.