Podemos afirmar, sem grande margem para dúvida, que a Toyota entrou neste ano com o pé direito, uma vez que conta com um número de novidades bastante diversificado para nos mostrar e lançar no mercado até ao final do ano. O ano será tão importante que, para nos mostrar o que há de novo, organizou um evento em Amesterdão com a presença de diversos dos responsáveis da Toyota e da Lexus para nos explicar muitos dos detalhes sobre cada um dos modelos. E tudo antes da apresentação destes mesmos modelos na próxima edição do Salão de Genebra.
Neste contexto, claro que uma das primeiras palavras que ouvimos foi “electrificação”. Afinal, tanto a Toyota como a Lexus têm apostado fortemente neste tema, sendo das principais marcas em termos de vendas de modelos equipados com sistemas híbridos. A ambição de vendas global, até 2025, ronda as 5,5 milhões de unidades comercializadas anualmente, pelo que é necessário expandir a gama atual com cerca de 40 novos modelos electrificados, sendo que 10 serão mesmo veículos com zero emissões poluentes. Para isso, é necessário começar a apostar mais forte em tecnologias que têm estado fechadas numa gaveta, além das mais tradicionais soluções híbridas. E é justamente por isso que o primeiro modelo a aparecer em cena é o novo Toyota Mirai.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1440:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22140101/kenshiki_jan_15th_15-scaled.jpg)
Toyota Mirai: a outra forma de ser eléctrico
A Toyota continua apostada e focada na solução da pilha de combustível, até porque não é difícil perceber que, com uma infraestrutura de carregamento utilizável, esta se poderia transformar numa excelente alternativa aos tradicionais modelos elétricos. Com a nova geração do Toyota Mirai, a autonomia em condições regulares ronda os 650 quilómetros, sendo que cada um dos seus abastecimentos poderá durar cerca de cinco minutos, no máximo.
A nova geração do Toyota Mirai representa um avanço no tempo gigante, uma vez que já se distancia do original em mais de cinco anos e parece quase ter saltado duas ou três gerações. O novo modelo inclui uma nova plataforma (GA-L) da família TNGA e conta com dimensões mais generosas em termos de comprimento e distância entre eixos. A carroçaria está mais larga, mas também mais baixa, com uma maior rigidez e com um centro de gravidade mais perto do solo, o que deixa antever uma dinâmica mais apurada. A tracção é feita às rodas traseiras e a suspensão também é mais sofisticada com o objetivo de melhorar o prazer de condução e o ambiente a bordo, que tem agora uma lotação máxima de cinco pessoas, ao contrário das anteriores quatro.
No que diz respeito ao sistema movido a hidrogénio, há agora três reservatórios em vez dos originais dois, dispostos de uma forma mais engenhosa para uma melhor distribuição de peso e contam com uma capacidade de armazenamento de hidrogénio em torno dos 5,6 quilos.
A data de chegada ao mercado nacional poderá acontecer no final deste ano ou no início do próximo e já há previsões de que nessa altura poderão estar a funcionar dois pontos de abastecimentos públicos, um na zona de Lisboa e outro na zona do Porto.
Toyota Yaris: utilitário electrificado
Mudando novamente o badge para o lado da Toyota, voltamos também a falar nos benefícios das quatro tecnologias que a marca tem em comercialização ou que terá em breve: veículos híbridos, híbridos plug-in, totalmente elétricos e movidos a hidrogénio. Até ao ano 2025, a marca prevê que 90% da sua oferta seja electrificada, mas também que os mesmos 90% estejam integrados na Toyota New Global Architecture (TNGA).
Neste contexto, uma das principais novidades da marca é, obviamente, a nova geração do Toyota Yaris. Trata-se da primeira aplicação do conceito TNGA neste segmento, sendo que a plataforma GA-B traz com ela inúmeros benefícios.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:1280/c:1280:854:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22132710/tnga_016_v3.jpg)
A quarta geração deste modelo tem a carroçaria um pouco mais curta que a do modelo atual, mas conta com uma maior distância entre eixos, está mais larga e com uma altura inferior. Tudo isto faz com que o Yaris tenha um espaço a bordo generoso, ao mesmo tempo que oferece uma dinâmica mais apurada, sendo que nem falta uma posição de condução mais correta, tal como pudemos verificar na unidade presente neste evento.
A versão híbrida será certamente a mais importante da gama, sendo que do lado elétrico podemos contar com um motor mais compacto e com uma bateria mais evoluída e com maior capacidade de regeneração. Do lado do combustível tradicional, está presente uma nova motorização de 1,5 litros e três cilindros, com 116 cavalos de potência e com uma melhor resposta, o que também ajuda no desempenho dinâmico do pequeno Yaris.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1440:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22135733/kenshiki_jan_14th_28-scaled.jpg)
Graças a tudo isto, o sistema híbrido consegue agora deslocar o Yaris até aos 130 km/h sem despertar o motor de combustão e usar o modo puramente elétrico durante muito mais tempo, especialmente em ambientes citadinos onde a percentagem de ganho face à geração atual pode chegar aos 80 por cento.
A média de consumo declarada para este modelo é inferior aos 3 litros para cada 100 quilómetros e a data de chegada ao mercado nacional está prevista para o final do Verão deste ano, ainda que ainda não haja preços disponíveis.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:1280/c:1280:960:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22134118/toyota_parts_vil_battery1_72dpi.jpg)
Toyota Rav4 Plug-in Hybrid
Também no final do Verão, chegará ao mercado a versão plug-in do Toyota RAV4, sendo este o segundo modelo da marca com este sistema depois das duas gerações do Prius que já o incluíram.
O RAV4 Plug-In Hybrid conta com o mesmo motor elétrico da versão já existente, mas com um ajuste em termos de potência e as baterias deste sistema, como não poderia deixar de ser, têm mais capacidade. Com estas alterações, esta nova versão do RAV4 fica com uma potência máxima combinada acima dos 300 cv e consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em 6,2 segundos. Mas também consegue uma autonomia em torno dos 65 km em modo puramente elétrico segundo a norma WLTP, que é um dos melhores valores do mercado para um híbrido plug-in.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1706:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22135806/kenshiki_jan_14th_33-scaled.jpg)
Mas as novidades da Toyota não ficam por aqui. Neste evento em que estivemos presentes, a marca nipónica mostrou-nos uma pequena animação que nos revela a silhueta do seu novo SUV destinado ao segmento B. A versão final deverá ser conhecida no próximo Salão de Genebra, apostamos nós, e trará um modelo de desenho arrojado e muito compacto, com uma dinâmica divertida e muito despachada, inspirada na primeira geração do RAV4.
Gazoo Racing: aqui nascem os desportivos
Depois de todo este cenário de electrificação e da tristeza que acaba por provocar a quem gosta de ouvir os sons dos escapes de um desportivo a acordar numa manhã fria, a entrada no espaço da Gazoo Racing já se faz com um sorriso na cara. Logo na entrada estão os dois Corolla híbridos que receberam o visual GR Sport para ficar com uma imagem mais desportiva, mas ao fundo estão os dois novos brinquedos desenvolvidos inteiramente pela Gazoo Racing.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1440:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22140248/kenshiki_jan_15th_47-scaled.jpg)
Basta olharmos uns segundos para as imagens deste evento para percebermos rapidamente que os desejos de Akio Toyoda (CEO da Toyota) se estão a tornar uma realidade. E, se olharmos para o leque de novidades que a marca nipónica tem previsto para este início de ano, podemos facilmente concluir que a era de aborrecimento está mesmo a ficar para trás.
A Gazoo Racing é o departamento da Toyota que tem levado a marca a diversos sucessos em provas como as 24 Horas de LeMans ou o Dakar, mas também no campeonato mundial de ralis. Em paralelo, começou a desenvolver alguns desportivos de estrada, com o objetivo de voltar a despertar este lado mais adormecido da marca nipónica e o primeiro modelo a chegar ao mercado foi o novo Supra, no ano passado.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:1280/c:1280:854:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22141120/supra_2l_2020_006.jpg)
Para este ano, a GR (Gazoo Racing) apresenta uma nova versão deste modelo, equipada com um motor de 2 litros, mais compacto e leve, com uma potência máxima de 258 cv e uma distribuição de peso perfeita de 50:50 entre os dois eixos. A presença desta motorização faz com que o Supra tenha emagrecido cerca de 100 quilos, o que é muito positivo no comportamento dinâmico de um modelo que se quer ágil e eficaz. Em conjunto com a caixa de velocidades automática ZF de oito relações, esta nova versão do Supra consegue alcançar os 100 km/h em 5,2 segundos e chegar aos 250 km/h de velocidade máxima.
E por ser tão especial para a GR, foi criada uma edição especial desta versão, que está limitada a apenas 200 unidades. O GR Supra Suji Speedway Edition conta com um tom branco específico para a carroçaria e com capas dos espelhos retrovisores em vermelho. As jantes de liga leve de 19 polegadas são pintadas em preto matizado e o habitáculo conta com assentos desportivos em pele e Alcantara com costuras em vermelho. Em opção, esta versão pode ainda incluir um pacote desportivo específico que integra um diferencial traseiro ativo, travões desportivos e o controlo adaptativo da suspensão. A data de chegada ao mercado nacional está prevista para a Primavera, a altura perfeita em que a temperatura aumenta e as suas estradas preferidas se tornam ainda mais apetecíveis.
Pequeno e musculado GR Yaris
O Toyota Supra foi o primeiro modelo de estrada desenvolvido pela Gazoo Racing mas está longe de ser o último. E o segundo modelo deste departamento é capaz de ser ainda mais interessante que o primeiro. Trata-se do GR Yaris, desenvolvido ao mesmo tempo que o Yaris de grande produção, mas com a ajuda dos engenheiros da Gazoo e da equipa de técnicos da Tommi Mäkinen Racing.
O resultado é uma máquina de condução poderosa, afinada para ser ágil, leve e muito precisa. Conta com um novo motor 1.6 turbo de apenas três cilindros, mas com uns incríveis 261 cavalos de potência e 360 Nm de binário, obtidos com a ajuda de tecnologias usadas em competição.
Tanto o capot como as portas são produzidos em alumínio e o tejadilho é fabricado em fibra de carbono, tudo com o objetivo de reduzir ao máximo o peso deste modelo, que fica assim abaixo do Yaris convencional em cerca de 12% e deixa apenas uma proporção de 4,9 kg para cada cavalo.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:1280/c:1280:853:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22142001/yaris_gr_001.jpg)
Além disto, o GR Yaris inclui ainda um novo sistema de tração integral GR-Four, capaz de repartir da melhor forma a potência entre ambos os eixos e entre as rodas de cada eixo. No modo de condução normal, a proporção é de 60:40 entre o eixo dianteiro e o traseiro, no modo mais desportivo, há apenas 30% potência à frente e 70% no eixo posterior, mas ainda é possível selecionar um modo de pista, com a potência a ser distribuída igualmente por cada eixo. Em opção, cada cliente do GR Yaris pode também escolher o Circuit Pack, que inclui um diferencial Torsen à frente e outro atrás, bem como jantes de liga leve de 18 polegadas, equipadas com um conjunto de Michelin Pilot Sport 4S.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:1280/c:1280:854:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22142219/gr_yaris_2020_platform_002.jpg)
Os únicos componentes provenientes do Yaris de grande produção são as ópticas, uma vez que toda a carroçaria é exclusiva deste modelo. A via traseira é mais larga em 55 milímetros e o tejadilho é muito mais baixo, com o objetivo de melhorar a aerodinâmica. As entradas de ar dianteiras são muito mais generosas para poderem refrigerar diversos componentes da melhor forma possível, como os enormes travões, por exemplo, e a suspensão traseira conta com uma configuração exclusiva de triângulos sobrepostos para oferecer um desempenho ainda mais eficaz.
O fabrico desta versão do Yaris é feito na exclusiva fábrica de Motomachi no Japão, onde foi criado um novo departamento para os modelos da Gazoo Racing e onde se produziu, por exemplo, o Lexus LFA. O processo de fabrico é o mais artesanal possível, de forma a garantir o máximo de qualidade. A data de chegada ao mercado nacional deverá acontecer no final deste ano ou no início de 2021.
Lexus Electrified: aposta no luxo
A Lexus continua a apostar num patamar de luxo e arte no fabrico de automóveis que poucos construtores conseguem alcançar e conta actualmente com 10 modelos híbridos na sua gama. Mas o início da sua apresentação começa com uma viagem no tempo rumo ao futuro. Para nos transportar, temos acesso ao concept LF-30, o modelo que representa o início da viagem da Lexus no mundo dos automóveis totalmente elétricos.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1706:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22145844/kenshiki_lf-30_02-scaled.jpg)
Trata-se de um protótipo concebido com todos os detalhes e ideias com que podemos apenas sonhar, mas também representa o primeiro passo no caminho de passar muitos destes sonhos a realidade. Inclui um sistema de carregamento sem fios, direcção by wire de ângulo variável em função da velocidade e quatro potentes motores eléctricos, um junto de cada roda, que poderão receber tracção de uma forma individual se assim o sistema o exigir.
O habitáculo tem um desenho semelhante a uma obra de arte, uma vez que foi concebido utilizando toda a mestria dos artesãos da Lexus no desenvolvimento de novos modelos, explorando novos conceitos e a utilização de novos materiais.
O sonho ou a viagem ao futuro proporciona momentos incríveis, mas é necessário acordar e regressar à actualidade. Do outro lado da sala, marca presença o primeiro modelo 100% elétrico da Lexus. Por fora parece ser apenas mais uma versão do SUV UX lançado no ano passado, mas a designação UX300e anuncia a chegada de uma opção totalmente elétrica.
As restantes diferenças passam pela presença de um conjunto de baterias mais volumoso, com uma capacidade de 54 kWh, que obrigaram a modificações estruturais no Lexus UX. Estas modificações fizeram com que a rigidez estrutural ficasse mais elevada e o centro de gravidade um pouco mais baixo, melhorando a agilidade deste modelo.
![](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560/c:2560:1706:nowe:0:0/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2020/01/22151203/kenshiki_ux300e_02-scaled.jpg)
A autonomia declarada do UX300e supera os 300 km, segundo a norma WLTP. A data de chegada ao mercado nacional, no entanto, só deverá acontecer no início do próximo ano e ainda não há qualquer previsão de preços. O UX300e é o primeiro modelo totalmente elétrico da marca, mas já está previsto um novo híbrido plug-in e uma nova plataforma destinada a modelos elétricos ainda durante este ano.
O que é a Kinto?
Para terminar, a Toyota mostrou-nos ainda a sua nova marca Kinto, destinada aos serviços de mobilidade que se encontra a desenvolver e que incluem soluções destinadas à compra de um automóvel ou simplesmente à sua utilização. Trata-se de uma marca que estará em constante evolução, uma vez que “o cenário actual é apenas de partida e nada tem a ver com o cenário de amanhã”.
Ainda assim, esta nova marca já integra soluções de leasing com manutenção e serviços incluídos, soluções de assinatura de utilização, soluções destinadas a boleias entre amigos, de partilha de automóveis ou mesmo de transportes específicos, sendo já uma das marcas que vai apoiar os próximos Jogos Olímpicos e que está responsável pela mobilidade dos mais variados participantes.