O Ministério Público da Venezuela pediu esta quinta-feira às autoridades portuguesas para investigarem uma alegada “cumplicidade interna” no aeroporto de Lisboa com uma rede de tráfico de drogas a partir de território venezuelano.
Instamos as autoridades de Portugal a investigarem e a descobrirem que tipo de cumplicidade interna existe no aeroporto de Lisboa, para que o transporte de forma quinzenal e periódica tenha sido praticado, sem que, até agora, Portugal tenha detido ou detetado esses traficantes”, disse esta quinta-feira o procurador-geral, Tarek William Saab.
O pedido foi feito após o Ministério Público ter anunciado a detenção de duas pessoas numa região central de Caracas, acusando um deles de “ter enviado drogas para Portugal, quinzenalmente”.
O Ministério Público venezuelano alega que a carga de droga dirigia-se a Portugal, esclarecendo que “seria transportada num voo da (companhia aérea) TAP Portugal com destino a Lisboa”.
Os dois elementos acusados esta quinta-feira pelo transporte de droga, foram identificados por oficiais das Forças Especiais da Polícia Nacional Bolivariana, que “avistaram dois cidadãos a bordo de um veículo numa atitude suspeita” na região de San Bernardino, no centro do país, detalhou o procurador-geral.
Os dois suspeitos “ignoraram o sinal de paragem e fugiram”, segundo o Ministério Público que disse ter encontrado “a chave de um porta-malas localizado no estacionamento com duas sacolas, cada uma com cinco painéis de cocaína, num total de 10 quilogramas”.
Esta denúncia ocorre alguns dias depois que o Governo venezuelano ter suspendido por 90 dias os voos da TAP para a Venezuela, depois de as autoridades de Caracas terem aberto uma investigação a um alegado transporte de substâncias químicas explosivas pelo tio do líder da oposição Juan Guaidó, que viajou num voo oriundo de Lisboa.
As investigações referem-se a supostas falhas de segurança no voo TP173, há uma semana, quando as autoridades detiveram o tio de Guaidó, logo que desembarcou em Caracas, acusando-o de ter transportado explosivos sintéticos, um colete anti-bala e um plano, escrito em inglês, para cometer ataques na Venezuela.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, considerou, na terça-feira, que a decisão das autoridades de Caracas era “inamistosa” e “injustificada”.
No mesmo dia, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou a suspensão dos voos da TAP para a Venezuela, considerando-a injusta, inaceitável e incompreensível.
A companhia aérea portuguesa TAP reagiu à sanção imposta pelo executivo de Nicolas Maduro, referindo que “não compreende” a suspensão de voos que lhe foi aplicada, garantindo que esta é uma “medida gravosa”, que prejudica os passageiros.
O Governo venezuelano diz que as negociações para a retoma dos voos da TAP apenas acontecerão depois de o Governo português reconhecer que Nicolas Maduro é o legítimo Presidente da Venezuela, repudiando o facto de Portugal ter reconhecido Juan Guaidó como presidente interino, juntando-se a uma comunidade de mais de 50 países.