Os EUA pediram ao regime sírio, à Rússia e às forças apoiadas pelo Irão que ponham termo à “ofensiva hedionda” na província de Idlib, no noroeste da Síria, onde pelo menos 29 soldados turcos morreram na quinta-feira.

Apoiamos o nosso aliado da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], a Turquia, e continuamos a pedir uma interrupção imediata dessa hedionda ofensiva do regime de [Bashar al-] Assad, da Rússia e das forças apoiadas pelo Irão”, declarou um porta-voz da diplomacia dos Estados Unidos em comunicado.

“Estamos a estudar as melhores maneiras de ajudar a Turquia nesta crise”, acrescentou.

O Departamento de Estado norte-americano disse que estava em contacto com Ancara para obter mais informações sobre os ataques aéreos que mataram pelo menos 29 soldados turcos, segundo um novo balanço das autoridades turcas.

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Washington já havia apelado à Turquia a renunciar aos sistemas russos de defesa aérea S-400, uma decisão justificada e reforçada, defendem os EUA, após os seus recentes confrontos na Síria com o regime de Damasco, apoiado por Moscovo.

Eles [turcos] veem a Rússia como realmente é, veem o que está a fazer agora e, se atacarem soldados turcos, tal deve ter precedência sobre qualquer coisa que possa unir a Turquia e a Rússia”, argumentou a embaixadora dos Estados Unidos na NATO, Kay Bailey Hutchison.

Hutchison também defendeu que o Governo dos EUA era “o aliado do passado e do futuro” dos turcos.

Os S-400 constituem uma das principais disputas entre Washington e Ancara, aliados da NATO: o Exército turco comprou os sistemas de defesa apesar da ameaça de sanções norte-americanas, provocando fortes críticas dos Estados Unidos, que consideram que tal não é compatível com os acordos da organização.

O próprio secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, já tinha condenado na quinta-feira “os ataques aéreos cegos do regime sírio e do seu aliado russo” na província de Idlib, apelando aos dirigentes de Moscovo e Damasco para que “cessem a ofensiva”.

Antes, no mesmo dia, o Ministério da Defesa russo acusou a Turquia de violar um acordo sobre a Síria ao apoiar os rebeldes com disparos de artilharia e ‘drones’ [aparelhos aéreos não tripulados] na zona de Idlib. “Em violação dos acordos de Sochi, a parte turca continua a apoiar grupos armados ilegais na zona de distensão de Idlib através de disparos de artilharia”, declarou o ministério, ao indicar que a Turquia também recorreu a ‘drones’.

Na noite de quinta-feira, os militares turcos iniciaram uma série de bombardeamentos, por ar e terra, a todas as posições sírias conhecidas na região de Idlib, depois de 29 efetivos das suas fileiras terem sido mortos por ataques aéreos sírio-russos, que causaram ainda 36 feridos.

Segundo a imprensa turca, o exército estava a ajudar milícias sírias na reconquista da cidade de Saraqeb, situada na autoestrada entre Damasco e Alepo, que foi conquistada há três semanas pelas forças sírias.

Há semanas que Ancara insiste com Moscovo para que trave o avanço do regime de Al-Assad, mas sem sucesso.

Uma delegação russa está em Ancara desde quarta-feira para negociar um cessar-fogo em Idlib, mas não são conhecidos pormenores das conversações.