A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) pediu este domingo neutralidade às forças armadas e apelou à serenidade dos atores políticos na Guiné-Bissau para evitar “situações que possam levar a mais instabilidade política e violência”.
“A CPLP exorta as forças armadas republicanas a se absterem de ações que comprometam a sua posição de neutralidade face a diferendos de natureza político-partidária”, pediu, em comunicado, a organização.
Naquela que é a primeira tomada de posição pública desde a posse de Umaro Sissoco Embaló, que se autoproclamou como Presidente da República da Guiné-Bissau, a organização sublinhou a importância da criação de “espaços e ambiente” para que as “instituições civis competentes” encontrem “muito rapidamente as soluções definitivas de paz e estabilidade políticas”.
Soluções “que o povo da Guiné-Bissau exige e merece e pelas quais toda a comunidade internacional ansiosamente espera”, acrescentou.
Adiantando que acompanha “com atenção e muita preocupação” a situação política que se vive atualmente na Guiné-Bissau, a CPLP apelou também “à calma e à serenidade dos atores políticos para que se evitem situações que possam levar a mais instabilidade e violência”.
“A CPLP continuará a desenvolver, em articulação com os demais membros do Grupo P5 (Nações Unidas, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e União Europeia), esforços que contribuam de forma efetiva para a resolução da crise política pós-eleições […], no respeito pela Constituição e demais leis do país”, aponta o comunicado.
A Guiné-Bissau vive mais um momento de especial tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló ter demitido na sexta-feira Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado Nuno Nabian, que tomou posse no sábado.
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou hoje ao cargo por razões de segurança.