A seca sente-se este ano “de forma mais intensa” nas zonas do Alto Alentejo e do Sado do que “no resto do país”, alertou esta segunda-feira a CAP, que exigiu do Governo medidas atempadas o problema.
O problema da seca, aqui nesta região, sente-se de uma forma ainda mais intensa do que no resto do país e a questão tem várias abordagens”, argumentou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa.
Segundo o responsável, que falava aos jornalistas à margem de uma reunião do Conselho Consultivo do Alto Alentejo da CAP, realizada em Montemor-o-Novo (Évora), um dos problemas é a “falta de água nas pequenas barragens superficiais, até para abeberamento” do gado.
“As fracas condições” para “assegurar as pastagens no período estival que está à porta e a falta de grandes reservas” de água em regiões como o “grande regadio do Sado”, produtor de arroz e que “vai ter fortes condicionantes” na atual situação, foram outros dos problemas destacados pelo presidente da CAP.
À margem do encontro, que juntou dirigentes associativos das zonas de Évora, Portalegre e litoral alentejano, sobretudo do Sado, o responsável admitiu que “a barragem do Alqueva não pode ser a solução para todos os problemas, mas pode ter um forte contributo para regiões como estas” e reclamou também a adoção de medidas por parte do Governo.
Da parte do Ministério do Ambiente, “há que aliviar e facilitar, inclusivamente, o acesso a águas subterrâneas especificamente” para o abeberamento do gado, disse.
Não estamos a pedir ao Ministério do Ambiente que autorize novos regadios com base em águas subterrâneas”, mas sim “que sejam articuladas soluções para obviar à dificuldade em dar de beber aos animais”, frisou.
Quanto ao Ministério da Agricultura, o presidente da CAP indicou estar “já a alertar para a necessidade de virem a ser autorizadas as áreas de pastoreio que, habitualmente, estão interditas no âmbito dos programas comunitários”.
“O ministério sabe perfeitamente quais são as medidas que tem que fazer e está na altura de começar a dar a entender, a informar os agricultores, que está preocupado com esse problema e que esse problema vai ser resolvido”, disse.
Uma atuação necessária “para que não aconteça” aquilo que “aconteceu em anos anteriores, em que as autorizações vieram fora de época e os agricultores ficaram em situação desesperada”, alegou.
“Estamos em princípio de março, é o mês em que vai começar a primavera e aquilo que o clima nos transmite é uma ideia de que virá aí um período estival antecipado“, realçou, para ilustrar que é o tempo de agir.
O presidente da CAP afirmou que, em termos de armazenamento estratégico de água, “as barragens continuam” com níveis “muito baixos” e “fracas condições para assegurarem a campanha” de rega “que se avizinha”.
“Estamos aqui bem perto da região do Sado, de Alcácer do Sal, emblemática na produção de arroz” e que “não tem água nas duas barragens”, que “poderiam estar a ser beneficiadas com água da barragem do Alqueva”, mas “não há garantia de que isso esteja nos planos”, o que “é extraordinariamente gravoso”, criticou.
Em relação à típica região do montado alentejano, “onde a produção pecuária tem a sua principal expressão”, Eduardo Oliveira e Sousa vincou que há “falta de pastagem”, por ter chovido pouco, e insistiu que as reservas de água nas charcas não são suficientes: “Algumas delas estão já a esgotar-se”.
O presidente da CAP insistiu ainda que o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020 “tem mais de mil milhões de euros” de verbas comunitárias “à espera de serem executados” e apelou à ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, para “se empenhar e mostrar aos agricultores que tem uma solução” para que este dinheiro seja investido no setor.