O Benfica confirmou esta terça-feira, num comunicado enviado à CMVM, a revogação da OPA à SAD apenas um dia depois do chumbo do órgão regulador da Bolsa à oferta. Perante esse cenário, os encarnados poderiam refazer a oferta ou deixar cair a mesma, optando pela segunda via perante um novo contexto a breve e médio prazo que irá surgir no futebol português como reflexo das perdas com a pandemia global da Covid-19.

“A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa que recebeu hoje [terça-feira] da Sport Lisboa e Benfica, SGPS, S.A. (“Benfica SGPS”) um comunicado informando que a Benfica SGPS apresentou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários um requerimento de autorização desta autoridade para revogação da oferta pública de aquisição de ações representativas do capital social da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD preliminarmente anunciada pela Benfica SGPS em 18 de novembro de 2019 (“Oferta”)”, começa por referir no comunicado.

“A revogação da Oferta já vinha sendo discutida com a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários desde que se tornou do conhecimento público, no dia 12 de março de 2020, a suspensão do campeonato nacional de futebol – Liga NOS. Este requerimento foi formulado ao abrigo ao artigo 128.º do Código dos Valores Mobiliários (por remissão do artigo 130.º, n.º 1 do mesmo Código), tendo por conta a alteração das circunstâncias determinadas pela pandemia associada ao novo Coronavírus – COVID19 e os impactos da mesma, diretos e indiretos”, acrescenta, prosseguindo: “Não obstante a entrega desse requerimento, a Benfica SGPS confirmou no referido comunicado que se pronunciará em sede de audiência prévia acerca do projeto de indeferimento do pedido de registo de Oferta que lhe foi ontem [segunda-feira] comunicado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, uma vez que reitera a plena conformidade da Oferta com todas as disposições legais aplicáveis”.

“Neste contexto de enorme adversidade, a Benfica SAD tomou e continuará a tomar, tendo em conta a informação fiável que estiver disponível a cada momento, as medidas que reputar necessárias para preservar a sua atividade, sendo previsível a redução de custos e despesas não indispensáveis ao desenvolvimento dessa atividade e a ponderação acrescidamente cuidada de todos os investimentos que estavam projetados. Assim sendo, as transações de atletas serão analisadas muito cuidadosamente, tendo em vista promover e preservar na maior medida possível os ativos essenciais da Benfica SAD e assegurar a sua sustentabilidade, atendendo aos interesses de longo prazo dos seus acionistas e ponderando os interesses dos seus trabalhadores e demais stakeholders“, salienta ainda nas considerações finais, onde manifesta a solidariedade com “os seus trabalhadores, sócios, adeptos e simpatizantes benfiquistas, parceiros e colaboradores” nos tempos extraordinários que se vivem.

Os encarnados deram ainda esclarecimentos adicionais no seguimento do “pedido de prestação de informação ao mercado após terem surgido rumores na comunicação social sobre o desfecho do procedimento de registo da Oferta e acerca da eventual utilização alternativa dos fundos mobilizados para efeitos da sua liquidação para contratar reforços para a equipa de futebol” por parte da CMVM, como o Observador referira ontem.

“Após vários meses de negociações, a Benfica SAD celebrou com a Benfica Estádio, no dia 10 de outubro de 2019, um contrato de cessão de exploração do Estádio do Sport Lisboa e Benfica, no qual revogou o anterior contrato de utilização do Estádio do Sport Lisboa e Benfica, celebrado em 2003. A celebração deste acordo permitiu, designadamente, a adaptação da estrutura contratual à atual relação entre a Benfica SAD e a Benfica Estádio (sociedades indiretamente participadas pelo Sport Lisboa e Benfica e sem relação entre si) e a atualização dos montantes a pagar, cujo valor mínimo anual não sofria alterações desde há cerca de 15 anos. O referido contrato manteve a mesma duração do acordo anterior, ou seja, vigora até 30 de junho de 2041, e prevê uma prestação anual composta por um valor mínimo anual de €4.500.000, acrescido de um valor variável que, tendo em consideração o modelo de negócio, será sempre apurado no final do exercício – refira-se que, no último exercício, o custo suportado pela Benfica SAD superou os mencionados €4.500.000″, explicou.

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