O “negócio ultravioleta”, como já é chamado, pode ser o passo seguinte na desinfeção de espaços. A radiação ultravioleta, já utilizada na China em autocarros inteiros, na medida de onda certa, pode ser a solução para a desinfeção de largas superfícies e locais mais recônditos – pelo menos é o que diz o setor, que explica que estes raios conseguem “queimar” microorganismos.

São lâmpadas semelhantes às utilizadas em solários e câmaras de bronzeamento que eliminam microorganismos, ou qualquer outra forma de vida, que encontrem no seu raio de ação. “A luz ultravioleta é um tipo de radiação eletromagnética que se encontra entre a luz visível e os raios X”, explicou ao El Mundo Laura Alabart, diretora adjunta da Vesismin Health, uma empresa de desenvolvimento de produtos desinfetantes. Esta luz divide-se então em três grupos: o tipo A, usado nos solários e nos bronzeamentos artificiais; o tipo B, utilizado para algumas tratamentos à psoríase e que já pode provocar queimaduras e danificar tecidos e o ADN; e o tipo C, o mais tóxico e aquele que está a ser utilizado contra a Covid-19.

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Na China, a radiação ultravioleta tem sido utilizada para desinfetar o interior dos autocarros da rede pública

“Sabemos que existe uma longitude de onda que tem efeitos germicidas. Esta radiação altera a cadeia de ADN e ARN dos microorganismos, impedindo a sua reprodução. Deixam de ser patogénicos e tornam-se incapazes de provocar doenças”, concluiu Laura Alabart. Atualmente, em Espanha, estão a ser usadas lâmpadas móveis de radiação ultravioleta em “áreas críticas e semi-críticas”, como blocos cirúrgicos e salas de partos e também zonas hospitalares que acolham doentes com doenças potencialmente infecciosas ou pacientes imunodeprimidos.

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Laura Alabart indica ainda que a “desinfeção terminal” garantida pela radiação ultravioleta é especialmente útil “naqueles pontos mortos ou zonas de difícil acesso” onde a desinfeção manual não consegue chegar. A Vesismin, a empresa que distribui estes equipamentos em Espanha, garante que uma das possibilidades no futuro é ter lâmpadas ultravioleta 360º, o que aceleraria todos os processos. Atualmente, com ciclos de cinco minutos, é possível desinfetar uma área de cerca de 23 metros quadrados – e aceder a essa mesma superfície assim que a desinfeção está concluída. Algo que, por exemplo, não acontece com os aerossóis biocidas, que implicam um tempo de aplicação superior e um intervalo de cerca de quatro horas até que se possa utilizar de novo a área em questão.

Cada lâmpada ultravioleta pode custar entre 50 a 90 mil euros – um valor alto que pode então originar o “negócio ultravioleta” e levar muitas empresas a reorientar os próprios modelos de negócio e as tecnologias em que investem. “Nós pertencemos a um setor muito regulado. Cada produto deve dispor de todas as normas e estudos necessários para o avaliar. Existem vários fatores que fazem com que a tecnologia funcione realmente, como uma longitude de onda adequada que oferece a dose necessária”, indica Laura Alabart.

A desinfeção muda e, por isso, os uniformes também têm de mudar

A ideia de “nova normalidade” está já a ser assimilada pelo mundo inteiro: ou seja, a ideia de que, mesmo quando as lojas, os restaurantes e os centros comerciais reabrirem, será necessário conviver com o vírus. Por isso, a Air Asia já se adiantou e decidiu rejeitar a habitual estética dos uniformes da tripulação da companhia aérea para garantir a proteção dos próprios comissários de bordo e também dos passageiros. As novas fardas, desenhadas pelo designer de moda Puey Quinones, incluem equipamentos de proteção individual e foram estreados na semana passada, durante o voo de Bangkok para Manila.

Os novos uniformes foram aprovados pelo Departamento de Saúde das Filipinas e os assistentes de bordo da companhia aérea vão utilizar as fardas em todos os voos nacionais e internacionais. Os conjuntos, desenhados na tradicional cor vermelha da Air Asia, foram partilhados no Instagram do designer Puey Quinones.

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Mas a Air Asia não é a única a tomar medidas. A United Airlines tornou-se a primeira companhia aérea dos Estados Unidos a anunciar que a tripulação vai usar máscara durante os voos. A companhia vai ainda disponibilizar máscaras para os passageiros e anunciou que as refeições entregues durante os voos serão todas pré-embaladas e seladas. A Delta Airlines também terá a tripulação de máscara, assim como também vai disponibilizar este material para os passageiros, e já indicou que vai reduzir a comida entregue durante os voos e limitar a lotação das ligações. Ainda nos Estados Unidos, a JetBlue Airways foi a primeira a pedir aos passageiros que usem máscara.

A Air Canada também pediu a todos os passageiros que utilizem máscara durante os voos e já anunciou que não vai disponibilizar almofadas ou cobertores. Na Ásia, para lá da Air Asia, a Malaysia Airlines também pediu que os passageiros usem máscara (exceto as crianças), e a Korean Air anunciou que a tripulação vai usar roupa de proteção, óculos, máscaras e luvas. Na Europa, o grupo que inclui a Lufthansa, a Swiss Airlines e a Austrian Airlines também vai pedir aos passageiros que viagem de máscara e já anunciou que, se for cumprida essa premissa, não será necessário que o lugar do meio fique vago. Já a Air France indicou que irá realizar a maioria das ligações sem que os aviões estejam lotados.