Se os críticos recordam que o voto dos sócios do FC Porto em Pinto da Costa não pode ser justificado pela antiguidade, pelas provas dadas ou por uma “dívida de gratidão”, como explicou o candidato José Fernando Rio à Rádio Observador, o atual presidente opta precisamente por agarrar na longevidade e nos 38 anos de liderança para explicar o porquê de ser a melhor opção para o futuro do clube.
“Dediquei a maior parte da minha vida a servir o FC Porto. Sou presidente da direção há 38 anos, mas antes já tinha tido a honra de ajudar o clube noutras funções: fui seccionista do hóquei em patins, do hóquei em campo e do boxe entre 1962 e 1969; diretor das modalidades amadoras de 1969 a 1972; e diretor para o futebol entre 1976 e 1980. Quando tomei posse a 23 de abril de 1982, já tinha participado nas conquistas de dois campeonatos de futebol e de muitos outros troféus”, começa por dizer Pinto da Costa na carta enviada esta segunda-feira aos sócios, onde acaba por elencar os motivos de uma nova recandidatura à presidência — desta feita, com dois opositores, José Fernando Rio e Nuno Lobo.
Na carta, o presidente do FC Porto reconhece que “o presente é duro” mas garante que o que sempre o “moveu” foi o “futuro”. “Vivemos num mundo cada vez mais globalizado e incerto, e a pandemia com que estamos a lidar atualmente é só mais uma confirmação disso mesmo. O universo do desporto não foge a essa regra, que tem tido como uma das consequências mais importantes o aumento das desigualdades entre os clubes dos campeonatos mais ricos da Europa e os restantes”, adianta Pinto da Costa. Ainda assim, o líder dos dragões recorda que o FC Porto foi o último clube português a ganhar tanto a Liga dos Campeões como a Liga Europa e que o objetivo de “ganhar, ganhar, ganhar” mantém-se inalterado. Já este domingo, no vídeo oficial de apresentação da recandidatura, Pinto da Costa garantia que “não é a pensar no passado” que volta a apresentar-se num ato eleitoral. “É a pensar nas dificuldades tremendas do presente, e na esperança e na certeza que tenho — com a minha nova equipa, que oportunamente apresentarei — de que vamos conseguir sucessos no futuro, solidificar o clube, para que ele possa continuar a ser um dos grandes do futebol europeu”, dizia.
Se no futebol o plano é “conquistar títulos em todas as épocas” e nas modalidades o objetivo é “igualmente manter o nível de elite do FC Porto”, a nível institucional “impõe-se renovar os órgãos dirigentes do clube”. No futebol, onde os dragões ainda vão lutar pela conquista da Primeira Liga esta temporada, Pinto da Costa compromete-se a construir “um conjunto de instalações de ponta que será muito mais do que um centro de treinos ou de estágio” no próximo mandato, a Cidade do FC Porto, um plano que também é prioritário nas propostas de José Fernando Rio e Nuno Lobo. Já nas modalidades, Pinto da Costa abre a porta a “novos projetos” — Nuno Lobo, por exemplo, propôs a criação de uma equipa de futsal e outra de futebol feminino, duas modalidades onde Sporting e Benfica lutam atualmente pelas competições nacionais.
Pinto da Costa recandidata-se à presidência do FC Porto a “pensar nas dificuldades do presente”
Quanto ao ponto de vista financeiro, cuja fragilidade tem sido um dos principais alvos dos dois opositores, o presidente dos dragões explica que o objetivo é “controlar cada vez melhor a saúde financeira do FC Porto”. “As conjunturas interna e externa são difíceis, e até por isso o próximo mandato terá de ser um tempo de maior equilíbrio entre o dinheiro que geramos e o que gastamos. Mas não consentiremos, como alguns gostariam que acontecesse, que as nossas equipas percam a competitividade que está na génese de um FC Porto vencedor. As reformas que são necessárias e que concretizaremos terão sempre estes princípios em consideração”, acrescenta Pinto da Costa, atirando contra os adversários eleitorais, que enfrenta nos dias 6 e 7 de junho.
O objetivo de Pinto da Costa, pelo menos no que é possível perceber pelos últimos dias, será sempre um equilíbrio entre a recordação de um passado de sucesso e um olhar para um futuro na continuidade. Desde a forma como lembra as vitórias de 38 anos de liderança para logo depois apontar baterias aos próximos anos até à maneira como convida Vítor Baía para integrar a lista — um ex-capitão, um ex-campeão, um símbolo do clube, que é também um pretenso e assumido futuro candidato à presidência do FC Porto.